ONGs do Ambiente organizam protesto em Lisboa contra mineração em mar profundo



As organizações não-governamentais (ONGs) do Ambiente ANP|WWF, a Sciaena e a Sustainable Ocean Alliance (SOA) estarão amanhã, dia 7, pelas 11 horas, concentradas no Largo de Camões, em Lisboa, num protesto contra a mineração em mar profundo.

O objetivo é “chamar a atenção da opinião pública para os perigos dessa indústria e promover a consciencialização sobre a necessidade de agir agora para preservar o mar profundo”, disse à ‘Green Savers’ Eugénia Barroca, consultora da SOA, criticando “o silêncio do Governo português sobre uma atividade que poderá causar danos irreparáveis nos mares do nosso país”.

Com o mote ‘Junta-te a nós para dar voz ao mar profundo’, as ONGs apelam à participação de “todas e todos os cidadãos preocupados com as crises climáticas e de biodiversidade e com a proteção do mar profundo”.

O protesto surgirá na véspera do Dia Mundial dos Oceanos, que se realiza no próximo dia 8, e numa altura em que, apesar da contestação feita pelos ambientalistas, pela comunidade científica e por vários países que alertam para o desconhecimento acerca dos riscos da mineração nos ecossistemas do mar profundo, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) está a criar regras e normas globais para essa atividade em águas internacionais, que deverão estar concluídas até ao final de 2023.

Eugénia Barroca considera que “este é um daqueles momentos em que a coragem dos líderes políticos se coloca à prova face à pressão dos grandes agentes económicos: há que dizer não à mineração em mar profundo e explorar todas as alternativas de reutilização de minérios para a transição energética”.

A mineração em mar profundo consiste na exploração e extração de minerais, como o cobre, o cobalto, o níquel ou o manganês, localizados em depósitos no fundo do mar, através do uso de “maquinaria pesada a operar em condições muito adversas e arriscadas (elevada profundidade e sujeitas a grande pressão), destruindo localmente ecossistemas e perturbando outros a largas centenas de quilómetros em redor”, explicam as ONGs em comunicado.

Os ambientalistas e cientistas alertam que muito pouco ainda se conhece dos ecossistemas do fundo marinho para ser possível prever os impactos da mineração, e pedem, por isso, uma moratória global a essa atividade e mais tempo para que o conhecimento científico se possa consolidar antes de se dar um passo que poderá ter consequências ambientais negativas e irreversíveis.

Apesar de a mineração em mar profundo em águas internacionais ser, por agora, proibida à luz do direito internacional, realidade que poderá mudar em breve com a luz verde da ISA, “uma área de 1,2 milhões de km2 de mar profundo em águas internacionais já foi licenciada para mineração pela ISA (incluindo numa área contígua ao mar dos Açores) e espera-se que, em julho, a autoridade comece a recolher candidaturas por parte de empresas que pretendam iniciar essa atividade”, avançam as organizações promotoras da manifestação.

O evento desta quarta-feira contará com várias intervenções de especialistas e representantes de várias organizações da sociedade civil e acontecerá em coordenação com várias ações do movimento Look Down que irão ocorrer em diversos países europeus nesta semana.

“Contaremos ainda com uma performance de dança dos bailarinos Deeogo Oliveira, Beatriz Valentim e Dinis Duarte que irá evidenciar os propósitos defendidos por esta causa”, afirmam as organizações.





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