Opinião, Álvaro Cidrais: “Maldita Educação”



Pensando sobre os problemas do País, aparentemente económicos, notei que a sua origem está na má-educação de alguns, que agem incorrectamente em várias posições sociais, devido às suas convicções, fruto da sua educação.

Bastam alguns malandros!

Os problemas resultam da sua irresponsabilidade e mediocridade. Basta o egoísmo, a avareza, a falta de respeito, o cultivo da vitória a todo o custo, a cultura das patranhas, o individualismo que aprendemos.

Afinal, a má-conduta de uns, ampliada pelo reconhecimento social feito pela televisão, está a destruir as nossas vidas, neste Portugal especial.  Apesar do esforço contrário de muita gente, nas empresas, na sociedade civil e na função (e no serviço) pública(o)!

Vistas assim as coisas, creio que o problema central da sociedade portuguesa, não é a escola. É a má-educação [com letra muito pequenina], que ajuda a criar o espírito mesquinho e as redes de compadrio medíocre em que nos enredamos.

A escola pode ser a solução. Está mais organizada. Os professores estão mais habilitados. Mas, ao mesmo tempo, desmotivados e quase desesperados! E a culpa não é só deles!

Há hoje condições para que a sala de aula seja a casa mágica da aprendizagem, um espaço em que nos experimentamos em sociedade. Um lugar em que alunos e professores, nos encontramos para discordar, discutir, trocar experiências, construir sonhos, criar competências, explorar, errar e organizar ideias, com vários pontos de vista. Podemos até prolongar esta magia para as nossas casas, através da Internet.

Na escola, educamo-nos e transformamo-nos, se não nos condenarem.

Para que a vida e a sala funcionem bem, devem existir normas e objectivos negociados, bem claros e definidos. Eventualmente, rituais. É à volta desse lugar mágico, a sala de aprendizagem, que podemos criar as relações marcantes que fazem de nós pessoas mais decentes, seguras, disciplinadas, criativas. Educadas!

Para que a magia exista, temos de exigir responsabilidade a todos. Ao ministério, à direcção, aos pais, à comunidade. Devemos exigir – aos professores e aos alunos -, responsabilidade, liberdade criativa, autonomia, trabalho, boa-educação, ambição e respeito.

Assim, é mais provável que criemos um país mais educado e, como consequência, mais desenvolvido, em que somos mais felizes. A escola é um instrumento de educação que, sozinha, não faz milagres!

*Álvaro Cidrais é licenciado em Geografia e Mestre em Geografia Humana: Desenvolvimento Regional, sendo actualmente docente universitário na Universidade Lusíada de Lisboa, consultor/assessor de gestão e formador, trabalhando como consultor independente em áreas relacionadas com a sua especialização. Foi ainda co-autor de dois livros com Xosé Manuel Souto, da Universidade de Vigo, designadamente “Planeamento Estratéxico de Mercadotecnia Territorial” e “História do Eixo Atlântico”.

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