Opinião: Como a crise está a impulsionar o activismo ecológico



Em Espanha, a crise económica está a trazer cada vez mais pessoas para o movimento ecologista, de acordo com o El País. Esta tendência está a ser acompanhada por outra – oposta – que está a reduzir dramaticamente o financiamento das associações ecologistas.

“Menos dinheiro para trabalhar mas mais seguidores e pessoas interessadas. Esta é a situação de um movimento verde abalado pela crise”, escreve o diário espanhol.

Com menos fundos públicos, cresce o apoio social às ONGs (Organização Não-Governamental), sobretudo as ligadas ao ambiente.

“Nos últimos dois anos não baixámos número de sócios; pelo contrário, aumentámos um pouco este número, e também temos mais grupos locais na nossa rede”, explicou José Vicente Barcia, dos Ecologias en Acción, uma federação de grupos ecossociais espanhóis.

Segundo os contactados pelo El País, a sociedade confia mais nas ONG, hoje, que há uns anos. “As pessoas vêm ter connosco porque sentem que não vale a pena votar a cada quatro anos”, explicou Lawrence Sudlow, secretário-geral da Amigos de la Tierra, sucursal espanhola de uma ONG presente em 70 países.

Apesar de todos estes argumentos serem plausíveis e realistas, o Green Savers avança mais três – tendo em conta a realidade portuguesa. Por um lado, as redes sociais vieram democratizar e aumentar a partilha de informação. Hoje, qualquer pessoa com acesso a internet pode saber mais sobre sustentabilidade – dicas, conselhos e outras informações – e encontrar almas gémeas do activismo ambiental.

Por outro lado, estamos perante uma autêntica redescoberta do campo – nem que seja na cidade. As hortas urbanas são apenas um dos exemplos de como a população portuguesa – por necessidade ou preocupação alimentar – estão a virar-se para a agricultura biológica, por exemplo.

Também projectos como o Green Project Awards ou o Limpar Portugal nos levam a pensar que o futuro da mobilização social sustentável estará garantido, em Portugal.

Ainda assim, nem tudo são rosas, como explica o El País. Apesar de terem mais sócios, voluntários e novos activistas, praticamente todas as ONGA perderam financiamento e donativos.

Juan Carlos Olmo, director-executivo da WWF Espanha, diz que a situação é preocupante, sobretudo para as pequenas e médias associações, que não têm a diversificação de financiamento das grandes. “[Estas ONGA] correm o risco de desaparecer, mas não podemos permiti-lo, porque são uma rede que faz um trabalho fundamental”, explica Olmo.

Lawrence Sudlow diz que a Amigos de la Tierra está a apostar na entrega, altruísmo e austeridade para sair bem deste período económico. Na verdade, grande parte destas ONGA já criticavam o desperdício da época de vacas gordas, por isso saberão sair melhor desta crise e do temporal económico que ainda está para vir. Em Espanha como em Portugal.

Qual a realidade das associações ecologistas e ambientais em Portugal? Conhece algum caso específico? Conte-nos a sua história, para publicação posterior no nosso portal, em info@greensavers.sapo.pt.





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