Organizações contra projeto de transformar parque em mesquita e escola em Bissau



Diversas organizações da sociedade civil guineense insurgiram-se contra um projeto que alegadamente pretende transformar um parque ambiental no centro de Bissau numa mesquita e numa escola a construir com o apoio da Turquia.

A posição foi transmitida em carta aberta dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Bissau, Fernando Mendes, a que a Lusa teve acesso.

Desde o dia 30 de dezembro que são vistos camiões a descarregar pedregulhos no parque da Lagoa de M’Batonha, para compactar a zona húmida circundante ao local, que segundo o Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) recebe anualmente mais de 125 espécies de aves.

Para pedir esclarecimentos, fazer denúncia pública e exigir a suspensão imediata dos trabalhos, 11 organizações da sociedade civil guineense endereçaram uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Bissau, Fernando Mendes.

Entre as organizações subscritoras da carta, destacam-se, entre outras, a Liga Guineense dos Direitos Humanos, Comité Nacional de Voluntários da Guiné-Bissau, a Rede das Associações Juvenis, a Plataforma Política das Mulheres e a Tiniguena.

Na carta, as organizações lembram que, além de ser local de alimentação, reprodução e de descanso de aves residentes e migratórias, o parque também abriga um conjunto de espécies, nomeadamente répteis, anfíbios e mamíferos.

Dada à sua importância, em 2018, com os apoios da União Europeia, Instituto Camões e a organização não-governamental portuguesa Monte, o parque foi requalificado, passando a ser parque de natureza e lazer, sendo, então batizado como “Parque Europa – Lagoa de M’Batonha”.

Na carta aberta, as organizações da sociedade civil lembram que foi a Câmara Municipal quem apresentou o projeto, financiado pelas três instituições europeias.

“A confirmar-se a informação (…) consideramos que estamos perante um crime ambiental inqualificável e de total descaso social”, refere-se na carta, na qual ainda é pedida à União Europeia, Instituto Camões e a Monte que “assumam as suas responsabilidades”.

A intervenção das três organizações permitiu ao parque de M’Batonha passar a contar com um restaurante, uma área de recreia infantil, zona de exercícios físicos e de caminhada, bancos de descanso, um bebedouro e um urinol público.

O local é essencialmente frequentado por crianças e também por pessoas em atividades físicas.

Além da suspensão imediata de movimento de transporte de pedras para o local, as organizações da sociedade civil exigem ainda da Câmara Municipal de Bissau e do Governo explicações sobre o que se passa no parque.

O local é das poucas zonas do centro de Bissau com vegetação verdejante e água doce, realça-se ainda na carta aberta da sociedade civil guineense.





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