Organizações da sociedade civil querem afastar empresas poluidoras da COP28
Um bloco de 450 organizações da sociedade civil, a nível mundial, a que se juntou a associação ambientalista portuguesa Zero, exigiu o afastamento dos líderes de empresas poluidoras das negociações climáticas na próxima cimeira da ONU (COP28), em novembro.
Condenando a escolha do sultão Al-Jaber, executivo da Abu Dhabi National Oil Company, para presidir à COP28, marcada para os Emirados Árabes Unidos, as 450 organizações, cuja posição foi divulgada pela Zero em comunicado, anunciaram que quatro subscritores da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a par de organizações não-governamentais de ambiente e estruturas sindicais, num total de 425 entidades que representam milhões de pessoas em todo o mundo, pedem não apenas um presidente da COP28 que seja livre e independente da influência dos combustíveis fósseis, mas também “o fim da influência indevida que permitiu a sua nomeação”.
A posição divulgada hoje pela Zero surge depois de outra tomada de posição do bloco de organizações, que na quarta-feira pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a demissão de Al-Jaber como presidente da Conferência do Clima a realizar em Abu Dhabi, devido à ligação à indústria petrolífera.
Os subscritores da iniciativa divulgada pela Zero criticam “a negligência dos governos mundiais”, ao permitirem que os poluidores “conduzam a agenda” das negociações globais.
“Sem controlos sobre a interferência da indústria, em cada ano, legiões de lobistas convergem para as negociações climáticas anuais. Na última Conferência das Partes no Egito (COP27), verificou-se a participação de centenas de lobistas como membros de delegações de países, como foi o caso da delegação de mil pessoas dos Emirados Árabes Unidos, que contou com mais lobistas de combustíveis fósseis do que qualquer outra delegação”, lê-se no documento emitido pela organização portuguesa.
De acordo com a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, Al-Jaber dirige uma das 15 empresas mais responsáveis por emissões de carbono, com planos de expansão apenas superados pela Qatar Energy, o que torna a nomeação “particularmente insidiosa”.