Os animais de companhia estão a transformar o consumo em Portugal



A relação entre pessoas e animais de companhia em Portugal está a atravessar uma mudança estrutural. O estudo “PetPulse Insights – Laços, Rotinas & Consumo”, conduzido pela UPPartner, revela que 95% dos tutores consideram o animal parte da família, e que esse laço emocional está a moldar comportamentos de saúde, padrões de consumo e dinâmicas sociais.

Segundo a mesma fonte, mais do que uma tendência, trata-se de uma “redefinição do conceito de bem-estar”. Os animais deixaram de ser apenas companhia para se tornarem coautores do equilíbrio físico, emocional e social das famílias portuguesas. A investigação, que envolveu 483 tutores e uma análise qualitativa aprofundada, mostra que o cuidado com o animal de companhia reflete novas formas de viver — com rotinas partilhadas, maior investimento em produtos de alta qualidade e uma consciência crescente da ligação entre saúde humana e animal.

“Cuidar de um animal é, cada vez mais, uma extensão de cuidar de nós. Este estudo mostra que o bem-estar animal, humano e ambiental estão profundamente interligados — e que esta relação tem impacto real na saúde, no consumo e na forma como vivemos em sociedade”, afirma Bernardo Soares, médico veterinário e One Health Diretor da UPPartner.

A humanização dos animais de companhia é hoje uma das tendências mais marcantes. Quase todo os tutores (97%) recorrem a ração seca de qualidade superior, muitas vezes complementada com alimentação húmida e snacks funcionais. O consumo segue o mesmo princípio que guia a própria alimentação humana: saudável, natural e preventivo. O cuidado com o animal é, cada vez mais, um espelho das escolhas conscientes do tutor.

O estudo revela também um mercado em transição. Apesar da baixa adesão atual a seguros de saúde animal (15%), mais de 40% dos tutores mostram interesse em aderir, sobretudo nos contextos urbanos e entre gerações mais jovens. A tecnologia começa a ocupar espaço neste ecossistema de cuidado: 23% já utilizam wearables para geolocalização ou monitorização, e 40% demonstram curiosidade por soluções digitais de saúde animal.

“Estamos perante uma mudança de paradigma: o animal de companhia deixou de ser um elemento acessório e passou a ser um agente ativo de equilíbrio emocional, social e até económico. Isso desafia marcas, profissionais e políticas públicas a pensar o bem-estar de forma integrada”, sublinha Bernardo Soares.

Com base nestes dados, a UPPartner defende que a visão One Health — que integra saúde humana, animal e ambiental — deve orientar a inovação, a comunicação e o desenvolvimento de produtos e serviços no setor. A nova centralidade dos animais na vida das pessoas exige proximidade, ciência e transparência por parte das marcas, traduzindo em cada decisão o impacto real deste vínculo.






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