Os brinquedos interactivos interferem com o desenvolvimento das crianças?



É comum ver-se uma criança a falar com os legos, com as Barbies e Action Man ou nenucos. Porém, estes brinquedos não respondem ou interagem de forma alguma. Mas esta realidade está a mudar.

O advento tecnológico trouxe uma nova realidade para as crianças no que toca às brincadeiras. Existem já programas interactivos, com várias personagens, que mantêm diálogos com as crianças ou programas, sob a forma de animais, que são extremamente reais. Mas serão estes programas benéficos ou prejudiciais para o desenvolvimento das crianças do século XXI?

Para uma nova geração de crianças, este tipo de brinquedos interactivos pode ser o futuro das brincadeiras. Apesar de, no futuro, podermos assistir a muitos dos cenários que estamos habituados a assistir nos filmes de ficção científica, existem outras preocupações mais imediatas. Uma vez que tem sido difícil estudar os efeitos secundários desta nova tendência entre os brinquedos, ninguém sabe exactamente como é que estes objectos podem afectar o desenvolvimento de uma criança – para melhor, pior ou possuírem um efeito neutro.

Para se perceber melhor estes impactos, que ainda não estão cientificamente provados, o Mashale falou com vários construtores de brinquedos e especialistas em desenvolvimento infantil.

Este tipo de brinquedos é destinado maioritariamente a crianças nos primeiros estádios de desenvolvimento mental e, apesar de não haver provas científicas, as teorias sobre a forma como os brinquedos interactivos podem afectar as crianças são várias.

Oren Jacob trabalhou na Pixar durante mais de 20 anos. Mais tarde, já depois de ter deixado a produtora, criou com um amigo, que também trabalhou na Pixar, uma empresa, a Toy Talk. O brinquedo mais famoso é o Winston Show, um programa interactivo sob a forma de um desenho animado que ouve as crianças e interage com elas. De acordo com Jacob, este brinquedo pode estimular o desenvolvimento da linguagem – o que se traduz em pontos extra no que toca a persuadir na compra do produto. Uma vez que as crianças que começam a falar gostam muito de ter conversas, mesmo sem sentido, o programa permite-lhes falar do que quiserem que o desenho animado irá escutar e responder sempre. “Poder expressar-se em voz alta e ter um parceiro de jogo que responde sempre e não se cansa é uma opção muito atraente”, afirma Jacob. “É assim que se aprende a falar”.

Lauren Sherman, investigadora, concorda que este tipo de brinquedos pode ajudar até um certo ponto. Esta investigadora trabalha no Children’s Digital Media Center, em Los Angeles, um laboratório de investigação que se foca nos efeitos dos media digitais no desenvolvimento das crianças e jovens. Apesar de reconhecer os benefícios destes brinquedos, Sherman sublinha que interagir com um programa não é a mesma coisa que interagir com pessoas, daí que não seja totalmente aconselhável substituir o contacto humano por contacto com programas interactivos.

Kaveri Subrahmanyam, director associado do mesmo laboratório, indica que as crianças acabam por formar laços com as personagens dos programas interactivos e, o investigador, considera que estes laços emotivos podem interferir com o “desenvolvimento informativo da empatia”, já que o contacto com um leque variado de emoções é menor. Apesar de os benefícios e malefícios dos brinquedos interactivos não estarem totalmente provados, os investigadores aconselham os pais a regrarem a utilização destes brinquedos por parte das crianças.

Foto:  Thijs Knaap / Creative Commons





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