Os lobos gigantes voltaram mesmo à vida?



Esta semana muita tinta correu na imprensa por todo o mundo sobre o anúncio de que os lobos gigantes (ou “dire wolves” em inglês) tinham sido trazidos de volta à vida por uma empresa de biotecnologia, a Colossal Biosciences.

Num comunicado publicado esta terça-feira no seu portal online, a empresa norte-americana declara ter conseguido a desextinção desse grande predador pré-histórico, desaparecido há perto de 12 mil anos, com o nascimento de duas crias em outubro passado, chamadas Rómulo e Remo, e uma terceira em janeiro deste ano, batizada com o nome Khaleesi.

Rómulo, macho com seis meses de idade, uma das três crias que a Colossal Biosciences diz serem lobos gigantes. Foto: Colossal Biosciences

 

“Estes não são cães, nem mesmo lobos dos dias de hoje. Elas são crias de lobos gigantes, trazidas da extinção depois de cerca de 12 mil anos”, afirma a Colossal Biosciences em nota, explicando que as suas equipas científicas usaram técnicas de edição genética e “ADN antigo e preservado” para decifrar o genoma do lobo gigante.

Segundo consta, terão modificado o código genético de embriões de lobos-cinzentos (Canis lupus), os lobos modernos, e introduziram-nos em cadelas que serviram de “barrigas de aluguer”, resultando no alegado nascimento de crias de lobos gigantes. De acordo com a empresa, os animais estão em instalações nos Estados Unidos da América em localização secreta, “para proteger os animais dos olhares curiosos”.

No entanto, apesar de todo o burburinho, uma série de cientistas, ouvidos por vários órgãos de comunicação pelo mundo fora, contestam as alegações da Colossal Biosciences, dizendo que as crias não são lobos gigantes, mas sim apenas lobos-cinzentos com alterações genéticas que mudam o seu aspeto físico. Mas não deixam de ser somente lobos.

Ouvida pela revista ‘Scientific American’, a paleoecóloga Jacquelyn Gill, da Universidade do Maine, diz que “este é um lobo-cinzento geneticamente modificado”.

“Eu tenho mais de 14 genes de neandertal em mim, e não me chamaríamos de neandertal”, sublinha a investigadora.

Em declarações à BBC, Nic Rawlence, paleogeneticista da Universidade de Otago, o que a Colossal Biosciences conseguiu foi produzir um lobo-cinzento que tem “algumas características de lobo gigante, como um crânio maior e pêlo branco”.

“É um híbrido”, sentencia, explicando que os lobos gigantes divergiram dos lobos-cinzento na árvore evolutiva entre 2,5 e seis milhões de anos atrás, pelo que se trata de dois géneros taxonómicos “completamente diferentes”.






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