Os perigos de dar pão aos patos em lagos e lagoas
É comum irmos observar patos nos lagos. Talvez não saiba mas esta prática, a biofilia, é boa para reduzir a ansiedade e até para aumentar a criatividade. Mas quando o for fazer evite levar pão para alimentar os animais.
Estima-se que, em todo o mundo, os patos ingiram milhares de milhões de pães por ano, e apesar de eles adorarem comer os pequenos pedaços que os visitantes dos lagos lhes atiram, esta prática pode levar a graves problemas de saúde.
O excesso de comida oferecida, de qualquer tipo, pode colocar os pequenos patos em perigo, pois aprendem a mendigar em vez de procurarem comida, e em alturas com menos visitantes, estes animais não conseguem sobreviver sozinhos.
No que diz respeito ao pão, este poderá levar a problemas como obesidade e desnutrição, além de prejudicar a qualidade da água, visto que há sempre bocados que vão parar ao fundo dos lagos e começam a desintegrar-se.
Os alimentos naturais dos patos variam de acordo com a espécie, mas a maioria tem uma dieta bastante diversificada. Os patos selvagens, por exemplo, comem uma mistura de plantas e sementes, bem como insetos, vermes, caracóis e crustáceos. O pão pode oferecer calorias, mas tem poucos dos nutrientes que os patos podem obter do ambiente.
“O pão branco, em particular, não tem valor nutricional real, então, embora as aves possam achá-lo saboroso, o perigo é que eles se encham dele, em vez de outros alimentos que poderiam ser mais benéficos para eles”, indicou ao The Guardian uma porta-voz da Sociedade Real do Reino Unido de Proteção das Aves (RSPB).
Alguns especialistas sugerem que, em patos jovens, a desnutrição pode levar às “asas de anjo”, uma deformidade na qual as asas se projetam em vez de dobrar, muitas vezes tornando o vôo impossível.
Ist ocorre devido a uma dieta hipercalórica, especialmente se for pobre em vitamina D e vitamina E. A combinação de energia extra e nutrientes inadequados faz com que as asas de um pássaro cresçam além das articulações do punho, causando desfiguração que geralmente é incurável na idade adulta. A prevalência relativa das “asas de anjo” em alguns parques é frequentemente atribuída ao pão.
Para além destes distúrbios alimentares também o excesso de alimento pode gerar sobrelotação, o que prejudica o ecossistema dos lagos, além de aumentar o número de excrementos, o que pode originar problemas de saúde pública. Isto é mais critico em lagos onde é permitido nadar.
O excesso de alimentação também provoca alterações nas migrações. Sendo que estes lagos têm à sua disposição tanto alimento, as aves ficam relutantes em migrar e deixar esta fonte confiável de alimento.
Durante o inverno terão de sobreviver a temperaturas para as quais não estão habituadas.
Estes “presentes” também podem estimular algumas outras mudanças negativas no comportamento dos pássaros. Quando os patos adultos ficam obcecados por pão de graça, por exemplo, eles podem deixar de dar aos patinhos uma educação suficiente na busca de alimentos, comprometendo-os assim com uma vida de mendigos. Uma vez que os pássaros dependem de esmolas, eles tendem a perder o medo dos humanos e a comportar-se de forma mais agressiva.
Nada disto significa que é necessariamente errado alimentar aves aquáticas. A principal lição que os especialistas em pássaros e defensores da vida selvagem querem transmitir é a moderação, o que significa limitar o tamanho das doações, bem como evitando lagoas onde muitas outras pessoas já atiram comida aos animais.
Um pouco de pão pode até ser bom de vez em quando, embora vários outros alimentos humanos cheguem perto de fornecer a mistura certa de energia e nutrientes.
Portanto, se quiser alimentar os patos locais, experimente estes alimentos em vez de pão:
Milho (enlatado, congelado ou fresco)
Pellets de pato (vendidos online e em pet shops)
Alface, outras verduras (rasgadas em pequenos pedaços)
Ervilhas congeladas (descongeladas)
Aveia (em flocos ou instantânea)
Sementes (incluindo alpiste ou outras variedades)