Ossadas de escravos do séc XV descobertas em Lagos
Tudo indica que se trata dos esqueletos de antigos escravos. É uma colecção vasta, a maior conhecida na Europa. Nas ossadas podem identificar-se com clareza fracturas em antebraços, crânios e mandíbulas, sinais inequívocos de violência, lê-se no Público.
Descoberta em Lagos, em 2009, esta colecção de esqueletos é a mais antiga do mundo e a mais vasta achada até hoje em solo europeu. Em cerca de um terço das 158 ossadas encontradas na cidade algarvia foram identificadas várias fracturas, cuja origem terá sido acidental ou em consequência de maus tratos. Esta última tese ganhou, porém, consistência quando se apurou que as ossadas terão pertencido a indivíduos do século XV, época em que o tráfico de escravos se encontrava florescente em Portugal.
A investigação deste achado, que começou em 2015 e decorre até 2017, ficou a cargo de uma equipa de especialistas do Laboratório de Antropologia Forense da Universidade de Coimbra. Teresa Ferreira, uma das investigadoras, referiu à Lusa que durante o estudo se concluiu que estes indivíduos vieram da África subsariana, provavelmente das regiões da Guiné e do Congo. Dos 158 esqueletos encontrados, 107 são adultos e 49 crianças (não foi possível identificar dois dos esqueletos), sendo que 52% dos escravos eram mulheres e a maioria terá morrido antes dos 30 anos.
Teresa Ferreira adiantou também que estes escravos não terão chegado “na primeira grande leva” mencionada nas crónicas de Gomes Eanes de Zurara, mas são dos “primórdios do tráfico negreiro”, podendo ter estado em Lagos ainda durante a vida do Infante D. Henrique.