Países do G20 investem em combustíveis fósseis o dobro do que investem em energias limpas, denuncia relatório



Entre 2019 e 2021, os países do grupo das 20 economias mais desenvolvidas e das emergentes, conhecido como o G20, que representam mais de 80% do PIB mundial e 60% da população do planeta, e os bancos mundiais para o desenvolvimento investiram, por ano, perto de 56 mil milhões de euros em dinheiro público em petróleo, gás e carvão. No mesmo período, o investimento anual desses Estados em energias limpas foi de apenas 29 mil milhões de euros, cerca de metade.

Apesar de ser 35% inferior à registada entre 2016 e 2018, os especialistas argumentam que o financiamento estimado dos últimos três anos coloca em causa a capacidade da comunidade internacional para alcançar as metas de descarbonização com que se comprometeu e para combater o aquecimento do planeta.

Os números são avançados num relatório elaborado pelas organizações não-governamentais ambientalistas Oil Change International e Friends od the Earth US, que denunciam que esses financiamentos “contrariam os compromissos dos países do G20 para alinharem os fluxos financeiros com a meta de 1,5 graus Celsius do Acordo de Paris, bem como o compromisso que assumiram em 2009 para abandonar gradualmente a subsidiação dos combustíveis fósseis”.

Os relatores indicam que “neste momento, os países do G20 e os bancos multilaterais para o desenvolvimento são a usar fortemente financiamentos públicos internacionais para suportar as empresas dos combustíveis fósseis e para prologar a era dos combustíveis fósseis”.

No que toca às energias limpas, o documento indica que o financiamento público internacional se tem mantido “significativamente estagnado”, apontando que a média anual de registada entre 2019 e 2021 apresenta uma subida bastante ligeira face à média anual de 27 mil milhões de euros entre 2016 e 2018, “em vez de crescer exponencialmente tal como é necessário para apoiar uma transição energética globalmente justa”.

É também revelado que, de 2019 até ao ano passado, 53% do investimento público internacional canalizado para os combustíveis fósseis foi aplicado em projetos relacionados com o gás, um investimento superior ao que foi feito em todas as energias limpas no mesmo espaço de tempo.

A diminuição do financiamento público internacional dos combustíveis fósseis entre 2019 e 2021 deveu-se, afirmam os autores, à implementação de políticas de desincentivo à produção e consumo desses produtos energéticos, especialmente por parte do Reino Unido e do Banco Central Europeu.

O Japão, o Canadá, a Coreia do Sul e a China foram os países que mais dinheiro público injetaram em empresas dos combustíveis fósseis durante o período em análise, sendo que desde 2013 que ocupam as posições mais cimeiras na lista dos principais financiadores públicos de energia fóssil.

No revés da medalha, a França, o Brasil e a Alemanha foram os países do G20 que mais investiram em energias limpas.

Os autores alertam que quaisquer novos investimentos em projetos de combustíveis fósseis agudizarão a crise climática e que “os países com maior responsabilidade por emissões históricas e atuais têm de agir primeiro e mais rapidamente para abandonar a produção de combustíveis fósseis e pagar a sua quota-parte para uma transição energética global justa”.





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