Países reforçam proteção de tubarões ameaçados por comércio internacional
Desde dia 14 de novembro que as delegações de mais de 180 países estão reunidas no Panamá para a 19.ª conferência da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora (CITES). E esta quinta-feira os países acordaram, pela primeira vez, limitar ou regular o comércio global de barbatana de tubarão, a causa da morte de milhões desses animais todos os anos, no que algumas organizações consideram ser “uma vitória histórica” para a sua conservação.
Com uma maioria de dois terços, foi aprovada a proposta para incluir mais 37 espécies de tubarões da família Carcharhinidae, da qual fazem parte o tubarão-tigre, o tubarão-touro e a tintureira, no Apêndice II da CITES, do qual fazem parte espécies que embora no momento possam não estar ameaçadas de extinção, podem vir a enfrentar esse risco “a não ser que o seu comércio seja fortemente controlado”. Dessa forma, todas as 54 espécies da família Carcharhinidae passariam a estar mais protegidas do comércio internacional, dado que são capturados especialmente para alimentar o consumo de sopa de barbatana de tubarão, e que várias delas encontram-se na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
A vote on proposal 37 to list all requiem sharks on CITES Appendix II has just been passed by a 2/3 majority in Committee I of #CITESCoP19. If accepted by the plenary session on Thursday or Friday next week it will come into force with a delay of 12 months pic.twitter.com/f6Q2vsc4jw
— CITES (@CITES) November 17, 2022
A proposta foi apresentada pelo Panamá, país anfitrião da cimeira, e contou com o apoio de mais 40 outros países, incluindo os Estados-membros da União Europeia. Contudo, para que possa vigorar, tem que antes ser aprovada em plenário, que acontecerá na quinta ou sexta-feira da próxima semana e entrará em vigor no espaço de 12 meses.
Proposta semelhante foi apresentada para proteger cinco espécies de tubarões-martelo, tendo sido igualmente aprovada.
The vote in favour of Proposal 37 has been swiftly followed by a consensus decision in favour of Proposal 38 – so that’s a recommendation to put Hammerhead #sharks on #CITES Appendix II in addition to all Requiem sharks #CITESCoP19 #ForNature pic.twitter.com/VRYv3BViHO
— CITES (@CITES) November 17, 2022
A SeaLegacy considera que a votação é “uma vitória histórica para todos os tubarões” e que os países concordaram “finalmente” em tomar medidas concreta para regular e gerir de forma sustentável o comércio global que envolve esses predadores marinhos.
WE DID IT! In a historic victory for sharks at @cites, 88 countries voted to PROTECT requiem sharks by finally agreeing to take concrete measures to regulate and sustainably manage the global shark trade! #CITESCoP19 #CITES
Video by @paulnicklen@cmittermeier @andymannphoto pic.twitter.com/LbHnMjT8Qi
— SeaLegacy (@Sea_Legacy) November 17, 2022
Por sua vez, Luke Warwick, diretor do programa de conservação de tubarões e raias da Wildlife Conservation Society, afirma que “esta votação marca o culminar de uma década de progresso na conservação de tubarões” e que “agora, por fim, o comércio insustentável de barbatana de tubarão será totalmente regulamentado”.
“Estas duas famílias [de tubarões] constituem mais de metade das barbatanas de tubarões comercializadas anualmente” num mercado que se estima rondar os 500 milhões de dólares, salienta Warwick, que argumenta que “agora, não será possível qualquer comércio que seja insustentável” e que será dada “a estas espécies uma oportunidade para recuperarem”.
Já Lauren de Vos, da Save Our Seas Foundation, refere que a inclusão destas espécies de tubarões no Apêndice II da CITES “é um salto em frente para travar o comércio insustentável da sua carne, barbatanas e outros produtos”.
BREAKING: @CITES vote in favour of putting all requiem & small hammerhead sharks on #CITES Appendix II! This historic vote marks a watershed moment in shark conservation. If accepted by the plenary next week it will come into force with a 12-month delay.https://t.co/8OPPVcTRRf pic.twitter.com/3PPj6BAPeU
— Save Our Seas (@saveourseas) November 18, 2022
Um estudo publicado em 2021 na revista ‘Nature’ revela que, desde os anos 1970, “a abundância global de tubarões e raias oceânicos diminuiu 71%” devido ao aumento da pressão provocada pela pesca.