Países reforçam proteção de tubarões ameaçados por comércio internacional



Desde dia 14 de novembro que as delegações de mais de 180 países estão reunidas no Panamá para a 19.ª conferência da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora (CITES). E esta quinta-feira os países acordaram, pela primeira vez, limitar ou regular o comércio global de barbatana de tubarão, a causa da morte de milhões desses animais todos os anos, no que algumas organizações consideram ser “uma vitória histórica” para a sua conservação.

Com uma maioria de dois terços, foi aprovada a proposta para incluir mais 37 espécies de tubarões da família Carcharhinidae, da qual fazem parte o tubarão-tigre, o tubarão-touro e a tintureira, no Apêndice II da CITES, do qual fazem parte espécies que embora no momento possam não estar ameaçadas de extinção, podem vir a enfrentar esse risco “a não ser que o seu comércio seja fortemente controlado”. Dessa forma, todas as 54 espécies da família Carcharhinidae passariam a estar mais protegidas do comércio internacional, dado que são capturados especialmente para alimentar o consumo de sopa de barbatana de tubarão, e que várias delas encontram-se na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.

A proposta foi apresentada pelo Panamá, país anfitrião da cimeira, e contou com o apoio de mais 40 outros países, incluindo os Estados-membros da União Europeia. Contudo, para que possa vigorar, tem que antes ser aprovada em plenário, que acontecerá na quinta ou sexta-feira da próxima semana e entrará em vigor no espaço de 12 meses.

Proposta semelhante foi apresentada para proteger cinco espécies de tubarões-martelo, tendo sido igualmente aprovada.

A SeaLegacy considera que a votação é “uma vitória histórica para todos os tubarões” e que os países concordaram “finalmente” em tomar medidas concreta para regular e gerir de forma sustentável o comércio global que envolve esses predadores marinhos.

Por sua vez, Luke Warwick, diretor do programa de conservação de tubarões e raias da Wildlife Conservation Society, afirma que “esta votação marca o culminar de uma década de progresso na conservação de tubarões” e que “agora, por fim, o comércio insustentável de barbatana de tubarão será totalmente regulamentado”.

“Estas duas famílias [de tubarões] constituem mais de metade das barbatanas de tubarões comercializadas anualmente” num mercado que se estima rondar os 500 milhões de dólares, salienta Warwick, que argumenta que “agora, não será possível qualquer comércio que seja insustentável” e que será dada “a estas espécies uma oportunidade para recuperarem”.

Já Lauren de Vos, da Save Our Seas Foundation, refere que a inclusão destas espécies de tubarões no Apêndice II da CITES “é um salto em frente para travar o comércio insustentável da sua carne, barbatanas e outros produtos”.

Um estudo publicado em 2021 na revista ‘Nature’ revela que, desde os anos 1970, “a abundância global de tubarões e raias oceânicos diminuiu 71%” devido ao aumento da pressão provocada pela pesca.





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