Palmela torna-se laboratório verde da Volkswagen: fábrica já reduziu 65% do impacto ambiental



A Volkswagen Autoeuropa está a avançar com um conjunto significativo de investimentos que colocam a fábrica de Palmela entre as mais adiantadas do Grupo Volkswagen no programa global Zero Impact Factory, a estratégia que pretende eliminar o impacto ambiental das operações industriais até 2030. A unidade portuguesa, que evolui de um antigo brownfield para uma green factory, é hoje “um caso de referência da iniciativa Zero Impact Factory (ZIF)”, sublinha Margarida Pereira, diretora de Gestão de Produto e Planeamento da Autoeuropa, em entrevista à Green Savers.

De acordo com a responsável, Palmela já alcançou “65% no indicador UEP – Environmental Relief Production – desde o início desta iniciativa em 2010” e tem como objetivo atingir os 75% até 2030. “Esperamos alcançar este valor com o processo de descarbonização em curso”, afirma. A escolha da unidade para produzir o modelo elétrico ID.EVERY1, num projeto “cofinanciado pelo Governo Português”, está a acelerar novos investimentos em linhas de baixo impacto ambiental.

Entre as transformações já em marcha estão a eletrificação de fornos, sistemas de recuperação de calor, a instalação de painéis fotovoltaicos em novas infraestruturas, bem como medidas de eficiência energética distribuídas por toda a fábrica. Na nova linha de pintura — uma das áreas mais intensivas do processo industrial — estão previstas tecnologias como “a instalação de sistemas de filtragem a seco e a implementação de tecnologia primer less”, além de soluções que permitirão reduzir emissões e consumos.

A fábrica está igualmente a instalar um novo sistema AVAC baseado em energia geotérmica. “Este combina campos geotérmicos com bombas de calor elétricas para reduzir o consumo energético em cerca de 25% e atingir emissões zero de CO₂ nas operações de climatização”, explica Margarida Pereira. Os resultados dos últimos anos comprovam o impacto das medidas já implementadas: “14.813 MWh/ano poupados em energia; 535 t/ano de COV evitadas; 18.526 m³/ano de água poupada.”

O termómetro ambiental da Autoeuropa

A medição do impacto ambiental é feita através do indicador UEP e, mais recentemente, da metodologia de “Impact Points”. Estes instrumentos são, segundo a Volkswagen, “medidos a nível de equipamento, linha e unidade, permitindo transparência e comparabilidade”.

A abordagem da Autoeuropa à sustentabilidade assenta em três eixos: “técnico, com foco em investimento tecnológico para eletrificação dos grandes consumidores de energia; a melhoria contínua e persistente de processos e indicadores de sustentabilidade; e o envolvimento contínuo de colaboradores e parceiros em ações de sensibilização e voluntariado ambiental, como é o exemplo do projeto Renascer.”

Gestão de CO₂: o próximo salto tecnológico

A gestão de CO₂ combina “monitorização detalhada (por equipamento/linha) com medidas de redução na fonte (eletrificação de fornos, recuperação de calor, renováveis in-site)”. Para os próximos anos, a fábrica prevê “a eletrificação de processos enquanto consumidores intensivos, como por exemplo a nova linha de pintura a partir de 2027 e o sistema inteligente de gestão de edifício para otimização em tempo real”.

O papel da AICEP e dos programas europeus tem sido decisivo para viabilizar o plano. “A AICEP e programas europeus como o NextGenerationEU atuam como apoio estratégico e de cofinanciamento”, frisa Margarida Pereira, destacando que estes mecanismos “aceleram projetos de grande envergadura”.

Para Palmela e para a região, a conversão da fábrica representa uma “oportunidade muito positiva”, tanto no plano ambiental como no económico. “Estamos a falar da manutenção de emprego qualificado e a cada vez maior diferenciação de competências”, além de uma “redução significativa das emissões e dos consumos de energia, água e compostos orgânicos voláteis”.

Margarida Pereira destaca ainda o impacto do programa RENASCER, que envolve colaboradores, comunidade local e organizações como a Quercus e a Brigada do Mar: “Este trabalho contribui para a recuperação da biodiversidade e reforça o sentimento de pertença e responsabilidade ambiental das pessoas.”

 






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