Paulo Raimundo defende intervenção do Governo nos custos de produção do leite



O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou hoje que o Governo tem a obrigação de intervir nos custos à produção de leite e na fixação de preços na distribuição, de modo evitar que o aumento dos custos para produtores e consumidores.

O Governo “tem a obrigatoriedade de intervir em duas linhas: nos custos dos fatores de produção e na pressão política” no sentido de criar condições “para que o preço à produção seja mais elevado, o que obriga a fixar preços também do ponto de vista da distribuição”, disse Paulo Raimundo no final de uma vista a uma vacaria e queijaria em Valado de Santa Quitéria, no concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria.

Aludindo ao peso dos fatores de produção no preço do leite, o dirigente comunista considerou que estes “estão a pressionar toda a gente” e que o Governo “podia devia e tem que fazer mais”, sob o risco de “mais tarde ou mais cedo” a única opção do setor ser “acabar com a produção”.

No entender de Paulo Raimundo, o executivo socialista “tem que intervir do ponto de vista dos combustíveis, tem que intervir do ponto de vista da concentração em si mesmo, fazer uma compra dos fatores de produção para os vender aos produtores a preços acessíveis”. Caso contrário, “as pessoas não aguentam mais e vai sobrar para todos”, produtores e consumidores.

A visita de Paulo Raimundo, integrada na iniciativa “Viver melhor na nossa terra”, centrou-se hoje no tópico “Defender a Produção Leiteira”, setor que o líder do PCP considerou ter feito “u esforço tremendo” para se modernizar e cumprir a legislação europeia e que tem sido estrangulado “pelo fim das quotas leiteiras” e uma política “conduzida para cumprir os interesses dos países da Europa Central”.

A responsabilidade sobre a crise no setor que conta hoje com pouco mais de três mil produtores de leite “é do Governo”, mas também, rematou “do PSD, do Chega e da Iniciativa Liberal que, neste caso concreto, alinham profundamente com estas opções erradas que apertam os produtores e que acabam por apertar as nossas vidas”.

Na visita em que se associou “ao grito de alma dos produtores” o líder do PCP ouviu do presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), e dono da exploração, Jorge Silva, explicar que o leite está a ser vendido pelo produtor a “46 ou 47 cêntimos” e que “os custos de produção de rondam os 56 cêntimos”.

Ainda que o preço ao produtor tenha conhecido um ligeiro aumento “o custo de produção de uma vaca subiu cerca de 60%”.

Para o produtor, “se o Governo quiser manter a produção nacional” terá que tomar medidas, entre as quais “apoios para compensar as percas ou alguma coordenação da distribuição de resultados” para que as três fileiras: produção, industria e distribuição, “se possam ajudar mutuamente”.

Segundo o presidente da Aprolep, o setor conta com cerca de 3.100 produtores, e tem registado fechos na ordem das 200 empresas por ano, nos últimos dois anos. Ainda assim, garante não haver risco de necessidade de importação de leite.





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