Peixes em cardume têm mais facilidade em nadar em águas agitadas



Nadar em águas turbulentas é mais fácil para os peixes em cardume do que para os nadadores solitários, de acordo com um estudo publicado na PLOS Biology por Yangfan Zhang da Universidade de Harvard, Massachusetts, EUA, e colegas.

A locomoção é fundamental para muitos aspetos do comportamento animal, desde a reprodução à alimentação e à migração, pelo que muitas espécies desenvolveram adaptações para se deslocarem de forma mais eficiente.

Neste estudo, Zhang e colegas propõem a “hipótese do abrigo turbulento”, que sugere que viajar em cardumes permite que os peixes se protejam uns aos outros das correntes de água perturbadoras, facilitando assim a natação em águas agitadas.

Para testar esta hipótese, os investigadores realizaram ensaios com a espécie Devario aeqipinnatus, observando estes peixes a nadar sozinhos ou em grupos de oito, tanto em águas turbulentas como em águas de fluxo regular.

Câmaras de alta velocidade permitiram aos investigadores observar os movimentos dos peixes enquanto nadavam, e um respirómetro permitiu medir as taxas de respiração dos peixes e o seu dispêndio de energia.

Estes ensaios revelaram que os peixes em cardume gastavam até 79% menos energia ao nadar em águas turbulentas do que os peixes solitários.

Os peixes em cardume também se agrupavam mais perto uns dos outros em águas turbulentas do que em águas estáveis, enquanto os peixes solitários tinham de bater com a cauda muito mais vigorosamente para manter a mesma velocidade em correntes mais turbulentas.

Estes resultados apoiam a “hipótese do abrigo na turbulência”, indicando que a eficiência da locomoção pode ser um fator determinante da evolução do comportamento de cardume. Esta informação é valiosa para compreender a ecologia dos peixes, os fundamentos da hidrodinâmica e pode também ser aplicada à conceção e manutenção de habitats destinados a abrigar espécies de peixes protegidas ou a impedir espécies invasoras.

Os autores referem que estudos futuros poderão basear-se nestes resultados para explorar a dinâmica energética dos movimentos de grupo noutros animais aquáticos ou aéreos.

E acrescentam: “Qual é a função do comportamento de cardume nos peixes? Mostramos que estar num cardume reduz substancialmente o custo energético para os peixes que nadam num ambiente turbulento, em comparação com nadar sozinhos, apoiando a hipótese de que o comportamento de cardume protege os peixes individuais do aumento do custo energético associado à natação em turbulência”.





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