Pelo menos 21 mortos em ataques de animais selvagens no centro de Moçambique



Pelo menos 21 pessoas morreram desde janeiro, na província moçambicana de Manica, no centro do país, vítimas de ataques de animais selvagens, anunciou hoje fonte oficial.

“Na província de Manica tivemos um total de 21 óbitos este ano, resultantes do conflito Homem-fauna bravia, sobretudo com ataques de elefantes, crocodilos e, em alguns casos, de búfalos”, disse o diretor provincial de desenvolvimento territorial e ambiente de Manica, Rafael Manjate, em declarações à Lusa.

O responsável adiantou que os conflitos têm vindo a crescer em Moçambique devido à seca que assola aquela região do país.

Rafael Manjate disse que as 21 mortes na província de Manica por ataques de animais foram registadas nos distritos de Tambara, Guro, Machaze, Mossurize e Sussundenga, onde crocodilos, elefantes e búfalos atacam, sobretudo, crianças, principalmente quando se fazem às margens dos rios para acartar água para consumo.

“É uma preocupação que temos como província, mas vamos gerindo a situação. Os mecanismos para travar estas mortes é que, em relação ao crocodilo, incentivamos as comunidades, em coordenação com a direção provincial das obras públicas, a abrirem fontes de água”, disse Rafael Manjate.

Segundo o diretor provincial de desenvolvimento territorial e ambiente daquela província, o Governo conta com equipas espalhadas pelos distritos afetados visando afugentar os animais para evitar conflitos.

“Para os casos de elefantes e búfalos, sensibilizamos as comunidades para que não façam machambas no interior, onde os paquidermes mais atuam, estamos [a] fazer com que as comunidades estejam mais distantes dos animais”, garantiu.

Uma das soluções do executivo moçambicano, disse Manjate, é o abate dos animais considerados mais conflituosos.

“Na sua maioria, já abatemos crocodilos e paquidermes”, adiantou, acrescentando que o conflito é causado pela seca.

A Lusa noticiou anteriormente que o número de mortos devido a ataques de animais selvagens quase triplicou num ano, chegando a 159 vítimas em 2023, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE).

 No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalha que o número de óbitos por conflito Homem – fauna bravia foi de 58 no ano anterior e de 56 em 2021, mas de 97 em 2020 e de 42 em 2019.

Mais de metade das vítimas mortais destes ataques no ano passado concentrou-se na província de Tete (70), seguindo-se a Zambézia (31), segundo os dados do INE, que referem ainda que só as províncias de Sofala e de Nampula não registaram óbitos.

Só a província de Tete soma 137 mortos por conflito Homem – fauna bravia desde 2019, de acordo com o histórico do INE, avançou a Lusa, em 30 de setembro.

No relatório acrescenta-se que o número de feridos nestes ataques também continua a crescer, afetando 114 pessoas em 2023, contra 70 no ano anterior, 51 em 2021, 66 em 2020 e 59 em 2019.

Citando os últimos dados disponíveis, o relatório do INE recorda que Moçambique estimava em 2018 uma população de 9.114 elefantes e 64.800 búfalos, entre dezenas de espécies de grande porte.

Segundo o mesmo relatório do INE, viviam em 2023 no interior das áreas protegidas moçambicanas 205.375 pessoas, em 162 comunidades, às que se somam 501.737 em 504 comunidades nas zonas tampão a estes parques e reservas.

De acordo com dados anteriores da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), os ataques da fauna bravia em Moçambique destruíram de 2019 a 2023 um total de 955 hectares de culturas agrícolas, como milho e mandioca.





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