Peneda-Gerês comemora 43 anos. Leia 8 sugestões para o futuro do parque.



Neste dia, há 43 anos, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) era inaugurado. À época, esta era a primeira área protegida a ser criada em Portugal – hoje, ele é o único com o estatuto de Parque Nacional, encontrando-se distribuído por uma área de aproximadamente 72 mil hectares e será, provavelmente, o mais conhecido dos parques portugueses.

Ao longo dos anos, o Gerês foi merecendo o reconhecimento internacional: o parque foi incluído na Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa da Matas de Palheiros-Albergaria, com a declaração por parte da UNESCO da Reserva da Bioesfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.

São de igual forma relevantes o facto de fazer parte integrante do Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés, em conjunto com o parque natural espanhol do Baixo Limia – Serra do Xurés, e o reconhecimento da sua importância por parte da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), assim como a certificação PAN Park – Peneda-Gerês National Park.

Integrando a Rede Natura 2000, com a inclusão do PNPG no designado Sitio de Importância Comunitária Peneda-Gerês, este é um dos últimos redutos do país onde se encontram ecossistemas no seu estado natural, com reduzida ou nenhuma influência humana, sendo relevantes os carvalhais climácicos de carvalho-alvarinho (Quercus robur), os habitats turfosos típicos das áreas de montanha, sendo um exemplo o habitat prioritário urzais-tojais de Erica ciliaris e Erica tetralix, assim como habitats de carácter pontual e relíquial como os louriçais (Laurus nobilis) ou azereirais (Prunus lusitanica subsp lusitânica), os bosques ripícolas de vidoeiro (Bétula celtibérica, os azevinhais (Ilex aquifolium) e os bosquetes de teixo (Taxus baccata).

Ao nível da flora de entre outras espécies, destaca-se o feto Woodwardia radicans, e na fauna, destaca-se o lobo (Canis lupus), que apresenta aqui um dos maiores núcleos populacionais de Portugal.

Ainda assim, conta a Quercus, esta área protegida tem vindo a sofrer ao longo dos anos várias alterações provocadas por intervenção humana directa – ou por decisões erradas da administração pública, como são exemplos a construção de barragens ao longo dos rios Lima e Cávado, a implantação dos parques eólicos de Montalegre e Serra do Barroso, níveis de poluição elevada na albufeira da Caniçada devido a embarcações de recreio, acumulações de poluentes nas águas das albufeiras devido à inexistência ou ineficiência das estações de tratamento de esgotos, a extracção de inertes, a forte pressão urbana que se faz sentir no Vale do Gerês junto ao Rio Lima, em Montalegre e em Brandas, provocada pela construção desordenada de segundas habituações e unidades turísticas.

“O crescente abandono das atividades agrícolas e a diminuição do efectivo pecuário, motivado pelo decréscimo populacional, leva ao aumento das áreas ocupadas por vegetação arbustivas, reduz área de ocupação de habitats importantes para a conservação e potencia os incêndios. São de igual forma relevantes os impactos nos ecossistemas resultantes da introdução de espécies exóticas nos rios (achigã e a carpa) e o uso de venenos, que é um dos grandes responsáveis pela diminuição da população de águia-real, lobo, raposa, geneta e bufo-real”, explica a Quercus.

A ONG de ambiente avança, inclusive, com oito sugestões para o futuro do parque. Leia-as aqui.

1.Criação de um programa de sensibilização e de incentivos a práticas agrícolas sustentáveis e tradicionais.

2.A implementação de medidas de conservação das manchas florestais autóctones mais desenvolvidas, que são importantes locais de abrigo e reprodução do lobo, e a criação de um plano de gestão para os baldios, como medida preventiva da propagação dos incêndios e do abandono de terrenos agrícolas e pastoris.

3.A implementação de um programa de erradicação de espécies exóticas, de médio prazo (5-6 anos), com subsequente recuperação de habitats com a instalação de espécies autóctones, que permita resultados duradouros.

4.Melhorar a fiscalização e vigilância na área do parque, com mais recursos humanos e meios materiais, permitindo um maior controlo sobre as actividades de caça e pesca, actividades turísticas, abate de espécies protegidas e recolha ilegal de espécies da flora e prevenção de incêndios.

5.Disponibilização de publicações e informação sobre o Parque, que promovam a divulgação dos seus valores naturais e culturais, e orientem o visitante numa correta fruição do património existente.

6.Colocação de uma boa sinalização nos parques eólicos e a sua desactivação em períodos de migração.

7.Maior fiscalização que permita diminuir a visitação desordenada e a prática de turismo de natureza não licenciado.

8.Actualização da taxa de entrada de viaturas motorizadas na área abrangida pela Reserva Biogenética da Mata de Albergaria, para moderar ainda mais a utilização do espaço e para garantir o financiamento exclusivo de actividades de conservação no seu interior, situação que, apesar legalmente estabelecida, não está devidamente clarificada.

Foto:  Brandt Kurowski / Creative Commons





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