Pequenas, menos territoriais e com uma alimentação variada: Assim são as aves que singram nas nossas cidades



A expansão das áreas urbanas é tida como um dos grandes fatores que trará alterações profundas ao que consideramos como o mundo natural. Estimativas das Nações Unidas apontam que duas em cada três pessoas viverão em cidades em 2050, ou seja, um aumento de cerca de 2,5 mil milhões de pessoas face aos números atuais.

Isso fará com que cada vez mais espaços naturais, ou até mesmo selvagens, sejam convertidos em áreas urbanas, repletas de edifícios, atravessadas por inúmeras estradas e, claro, cheias de humanos. Além disso, os animais selvagens que forçosamente passarão a viver lado a lado connosco terão de se adaptar a essas novas realidades para sobreviverem.

Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, quis perceber que traços permitem que às aves adaptarem-se e viverem em ambientes humanizados e se existem características comuns entre as espécies que ocorrem em cidades espalhadas pelo mundo.

Num artigo publicado na revista ‘Cell Biology’, revelam que, de facto, as espécies de aves urbanas apresentam características muito semelhantes entre si, mesmo em cidades em regiões muito distantes, pois tendem a ser mais pequenas e menos territoriais e a capacidade para fazerem voos mais longos.

Além disso, dizem os autores, essas aves citadinas têm regimes alimentares mais diversos, tendem a colocar mais ovos de cada vez, a viver mais tempo e a habitarem uma maior variedade de elevações. Apesar de a maioria das aves encontradas nas cidades terem essas características em comum, a forma do bico, contudo, mantém-se como praticamente única para cada espécie.

No artigo, estima-se que até 2030 a cobertura de área urbana a nível mundial terá aumentado para 1,2 milhões de quilómetros quadrados, cerca de o triplo do que era em 2000, e os investigadores alertam que, se não forem tomadas as medidas necessárias para evitá-lo, essa expansão urbana será acompanhada por um inevitável agravamento da perda de biodiversidade.

“Identificar os traços que ajudam a vida selvagem a adaptar-se ou a prosperar nas cidades pode ajudar os responsáveis pelo planeamento urbano a promoverem a biodiversidade”, explica Monte Neate-Clegg, principal autor do artigo. E isso poderá passar, por exemplo, pelo aumento dos espaços verdes nas cidades, pela plantação de um maior número de árvores e pela criação de habitats que possam servir de refúgio para as aves e outros animais selvagens que vivam em zonas urbanas.

“Pode também ajudar os biólogos da conservação a identificarem quais as espécies mais ameaçadas pela urbanização”, acrescenta.

A investigação abrangeu 3.768 espécies de aves, cerca de 35% de todas as espécies hoje conhecidas, em 137 cidades em todos os continentes.

Os periquitos, traupídeos e os pombos foram as aves mais encontradas em todas as cidades estudadas, embora tenha sido possível registar também um número significativo de esturnídeos, psitacídeos, melros e andorinhões.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...