Pequeno mamífero arborícola desafia convenções científicas sobre o tamanho do corpo



No século XIX, o biólogo alemão Carl Bergmann estabeleceu que os organismos que vivem em latitudes maiores e mais frias, ou seja, mais perto de um dos dois polos da Terra, tendem a ser mais corpulentos do que os que se encontram mais próximos dos trópicos, para que consigam conservar mais calor.

Outra norma ecogeográfica bem estabelecida é o gigantismo insular, que dita que os animais que residem em ilhas são maiores do que os seus congéneres continentais.

Contudo, um pequeno mamífero arborícola nativo do sudeste asiático, o Tupaia belangeri, vem desafiar essas duas regras e lançar os cientistas numa demanda para compreender o que o torna único.

Tupaia belangeri
Fonte: Yale Peabody Museum / Twitter

Analisando 839 espécimes de museu de T. belangeri adultos recolhidos ao longo dos últimos 130 anos, quer em regiões continentais, quer em ilhas, uma equipa de investigadores dos Estados Unidos e do Canadá descobriu que, contrariamente à regra de Bergmann, o tamanho desse animal era maior do que o esperado em territórios continentais mais quentes próximos do equador.

Ainda assim, nas ilhas, essa norma mantém-se, e os T. belangeri dessas áreas tendem a ter corpos maiores nas regiões mais frias e menores nas zonas mais quentes. Isso levou os cientistas a afirmarem que a regra do gigantismo insular não é totalmente cumprida com este mamífero arborícola semelhante a um esquilo, pois nas ilhas só é maior em latitudes mais elevadas.

Posto de outra forma, os T. belangeri continentais são maiores nas regiões mais quentes e mais pequenos nas mais frias, e os T. belangeri das ilhas são maiores nas zonas mais frias e mais pequenos nas zonas mais quentes. Apesar de essas diferenças poderem estar relacionadas com adaptações das populações às condições ambientais e ecológicas locais, os cientistas ainda não sabem ao certo qual é o mecanismo por detrás dessas variações.

“O nosso estudo destaca que o tamanho do corpo está relacionado com fatores ecológicos dinâmicos e potencialmente interdependentes”, afirma Maya Juman, da Universidade de Cambridge e principal autora do artigo que revela a descoberta, aludindo à relação entre as duas regras que são colocadas em causa pelo T. belangeri.

Os cientistas dizem que é preciso reavaliar as regras ecológicas estabelecidas noutros tempos e olhar para elas no contexto das atuais alterações climáticas, que estão a fazer subir a temperatura a nível global, sim, mas que afetam de forma diferente as várias regiões do planeta.





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