Peras e maçãs portuguesas estão entre as mais contaminadas com pesticidas
Entre 2011 e 2019, o número de frutas e vegetais contaminadas com pesticidas nocivos aumentou na em 53% na União Europeia e, entre eles, destacam-se as maçãs e as peras portuguesas. Os dados são expostos num novo relatório da Pesticide Action Network Europe (PAN Europe), que analisa a presença de pesticidas categorizados como os “mais perigosos” pela Comissão Europeia, associados a doenças como o cancro, e a problemas ambientais nos ecossistemas, na fruta fresca produzida na Europa.
De acordo com o documento, em 2011 6,4% das frutas estavam contaminadas com pelo menos dois dos pesticidas, e em 2019, esta percentagem aumentou para 10,2%. No mesmo período de tempo, os kiwis e as cerejas, por exemplo, aumentaram a percentagem de contaminação em 28%. Já os vegetais, tiveram também um aumento, ainda que menor, de 2,2% para 3,1%.
As cinco frutas mais contaminadas, com uma frequência entre 35% e 51%, foram as amoras, os pêssegos, os morangos, as cerejas e os alperces. No caso dos vegetais, dominam o ranking o aipo, o aipo rábano, a couve, a endívia e a couve de bruxelas.
As principais substâncias encontradas nos alimentos foram o fludioxonil (12,579 vezes), cyprodinil (10,961), tebuconazole (7,461), difenoconazole (4,418) e lambda-cialotrina (3,774). De notar que foram analisadas 210,260 amostras.
As frutas e os vegetais contaminados foram cultivados em países como a Bélgica, Irlanda, França, Itália, Espanha, mas também em Portugal. Em 2019, 85% das peras e 58% das maçãs produzidas em Portugal apresentavam grandes níveis de contaminação.
Estes produtos fitofarmacêuticos foram denominados “Candidatos para substituição” no Regulamento (CE) n.º 1107/2009, que tal como o nome indica, deveriam ter começado a ser substituídos por alternativas em 2011.
“Estes produtos químicos devem desaparecer da nossa alimentação. Em vez disso, observamos um aumento dramático na exposição a estas substâncias tóxicas nos últimos dez anos” aponta Salomé Roynel, diretora de política e campanha da PAN Europe, em comunicado. “Isso demonstra claramente que as regras de substituição nunca foram implementadas pelos Estados-Membros e que eles falharam na sua responsabilidade de proteger os consumidores”.