PIB global pode cair até 22% devido a desastres climáticos até 2100
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O impacto das alterações climáticas na economia global poderá atingir proporções sem precedentes, podendo o PIB global sofrer uma redução de 16% a 22% devido aos riscos climáticos até 2100, revela o relatório “The Cost of Inaction: A CEO Guide to Navigating Climate Risk”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o World Economic Forum.
Segundo a mesma fonte, as catástrofes relacionadas com o clima provocaram danos superiores a 3,6 biliões de dólares a nível mundial desde 2000 e o risco é crescente num mundo em rápida transformação, onde a passividade das empresas ameaça não só a sua competitividade, mas também a sua sobrevivência a longo prazo.
“Os custos económicos das alterações climáticas dispararam nas últimas duas décadas e os riscos continuam a crescer. Para mitigar impactos e manter a competitividade, é essencial reduzir as emissões carbónicas e fortalecer a resiliência empresarial num mercado onde a sustentabilidade já não é uma escolha, mas uma exigência”, afirma Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.
“Embora muitas empresas já considerem o risco climático, ainda há um longo caminho a percorrer. Os líderes devem avaliar e gerir o portfólio estrategicamente, impulsionar a inovação e monitorizar riscos de forma contínua. Integrar o desafio da sustentabilidade na estratégia de negócio não só garante conformidade e resiliência, mas também desbloqueia oportunidades e gera vantagem competitiva – enquanto contribui para um futuro mais sustentável.”
As alterações climáticas implicam riscos físicos e riscos de transição para as organizações. Os físicos traduzem-se nos fenómenos meteorológicos extremos, como inundações e incêndios florestais, e danificam os ativos empresariais, perturbam as cadeias de abastecimento e reduzem a produtividade, sobretudo nos setores dos serviços públicos, da agricultura e das comunicações.
Estes riscos podem ameaçar até 25% dos lucros das empresas até 2050. Já os riscos de transição relacionam-se com desafios decorrentes da transformação para uma economia com baixas emissões carbónicas.
À medida que os governos aumentam os preços do carbono e introduzem regulamentações mais rigorosas, as empresas mais atrasadas nos esforços de descarbonização enfrentam custos de conformidade elevados e os seus ativos e posição no mercado podem desvalorizar, especialmente nos setores de emissões elevadas, como o da energia, do cimento e dos transportes.
Para fazer face a estes riscos, as empresas devem investir na avaliação da sua exposição ao risco e no reporte de resultados, sobretudo porque os investimentos em adaptação e resiliência podem gerar retornos de 2 a 19 dólares por cada dólar investido.
Adicionalmente, a transição para operações com baixo teor de carbono pode diminuir até 60% das emissões num cenário de transição rápida, reduzindo a exposição das organizações aos preços do carbono e aos custos regulamentares, em particular nos setores de emissões intensivas.
Economia verde deverá atingir mais de 14 biliões de dólares em 2030
O relatório revela que se prevê que a economia verde crescerá de 5 biliões de dólares em 2024 para mais de 14 biliões de dólares em 2030. Neste contexto, as empresas líderes em estratégia climática podem obter vantagens competitivas e regulamentares substanciais, posicionando-se como líderes neste mercado em rápida expansão. Os setores melhor posicionados para serem pioneiros incluem energias alternativas (49%), transportes sustentáveis (16%) e bens de consumo sustentáveis (13%), todos com taxas de crescimento anual de 10% a 20%, significativamente acima do aumento do PIB.
CEO’s devem integrar o risco climático na sua estratégia empresarial
Num mercado global onde a sustentabilidade é cada vez mais premente, é importante que os líderes empresariais consigam incorporar uma estratégia climática estruturada na tomada de decisões, transformando o risco em valor duradouro. A BCG revela quatro estratégias essenciais para os CEO’s lidarem com os riscos climáticos, garantirem resiliência a longo prazo e capitalizarem as oportunidades de crescimento das suas organizações, ganhando competitividade:
- Avaliar os riscos climáticos. É importante que as organizações comecem por fazer uma análise global dos riscos associados ao clima. Para tal, devem medir os riscos físicos, avaliar os riscos de transição e identificar oportunidades de negócio associadas ao clima que possam garantir vantagens de mercado.
- Gerir os riscos ambientais inerentes ao portfólio. Após uma avaliação adequada dos riscos climáticos relevantes para o negócio, as empresas devem aprender a adaptar-se aos mesmos para os controlar, garantindo que estão em conformidade com as regulamentações. Para isso, precisam de descarbonizar ativos e operações, bem como o negócio como um todo, tendo especial atenção às cadeias de abastecimento e às emissões de âmbito 3. Assim, conseguirão ganhar resiliência no mercado e maior eficiência operacional.
- Dinamizar o negócio para desbloquear oportunidades. À medida que se acelera a transição para uma economia neutra em carbono, as empresas podem desbloquear um novo potencial de mercado, reformulando os seus portfólios e apostando na descarbonização. Ao identificar áreas onde a inovação e as práticas sustentáveis podem impulsionar o crescimento, e alinhando a afetação de capital com a estratégia climática, as empresas podem criar resiliência e ganhar vantagens face aos concorrentes.
- Monitorizar os riscos e comunicar o progresso. Com regulamentações cada vez mais apertadas no âmbito da sustentabilidade, as organizações devem adotar proativamente práticas de monitorização dos riscos climáticos e de comunicação dos progressos para assegurar a melhoria contínua das operações e a conformidade regulamentar.
O relatório está disponível na íntegra aqui.