Pika americana pode sobreviver às alterações climáticas alimentando-se das próprias fezes



Um dos tópicos mais relevantes no debate das alterações climáticas é se a vida animal se vai adaptar ou morrer quando for ameaçada por aumento das temperaturas devido ao aquecimento global e o que é que os humanos devem fazer para evitar a morte destes animais.

Um estudo recente indica que um dos animais mais sensíveis às alterações climáticas pode sobreviver ao aquecimento adoptando uma dieta não muito apetecível. A pika americana é um pequeno roedor da família dos ratos e das lebres que vive nas regiões montanhosas do oeste da América do Norte e que sobrevive aos invernos rigorosos mantendo uma temperatura corporal elevada. Mas, uma vez que não controla o seu termómetro interior, a pika é extremamente vulnerável ao aumento das temperaturas, à medida que as alterações climáticas aceleram. No verão, este mamífero pode morrer se a sua temperatura corporal aumentar três graus Celsius.

Face a esta sensibilidade ao aquecimento global, foi entregue às autoridades californianas uma petição para proteger a pika, petição esta que foi rejeitada. Para justificar a rejeição da petição, as autoridades argumentaram que a pika se podia adaptar a um mundo mais quente. Um estudo da Universidade de Utah, publicado na última semana, sustenta o argumento. Os investigadores estudaram os hábitos diurnos de uma colónia de pikas que habita perto do nível da água do mar na Columbia River George, no Oregon, estado de Washington. Este local está situado a uma altitude mais baixa e é mais quente que os locais habituais onde podem ser encontradas as pikas.

O segredo para a sobrevivência das pikas a uma altitude mais baixa e a uma temperatura mais baixa está no musgo. O musgo representa cerca de 60% da dieta das pikas observadas entre 2011 e 2012. Para além do alimento, o musgo também representa abrigo para as pikas. Isto significa que as pikas não têm de se aventurar debaixo do sol para procurar comida.

Porém, o musgo é extremamente pobre em nutrientes, o que significa que as pikas da montanha não comem grandes porções desta vegetação. Contudo, as pikas de Columbia River têm uma solução. Os micróbios dos seus intestinos fermentam a fibra do musgo para criar mais nitrogénio e, portanto, mais nutrientes, refere o Quartz. Quando defecam, as pikas ingerem as próprias fezes – um comportamento comum na família dos ratos e coelhos. “As fezes são de longe o alimento mais nutritivo testado”, refere o estudo.

“Não é certo que isto tenha alguma influência nas outras comunidades de pikas como resposta às alterações climáticas, mas certamente estes factos indicam que as pikas são mais adaptáveis do que inicialmente pensávamos”, afirma Johanna Varner, estudante de doutoramento e uma das autoras do estudo.

Foto:  USFWS Mountain Prairie / Creative Commons





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