Pinguins-de-magalhães aproveitam correntes marinhas para poupar energia durante viagens



As correntes marinhas são uma das grandes forças que governam as vidas e viagens dos animais que vivem nos mares e oceanos do planeta.

Podem ser obstáculos difíceis de transpor, arrastando os animais viandantes para fora das suas rotas, mas podem também, por vezes, ser uma grande ajuda.

Uma investigação liderada pelo Instituto Max Planck do Comportamento Animal (Alemanha) e pela Universidade de Swansea (Reino Unido) sugere que os pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) são capazes de sentir as correntes marinhas e maximizar a eficiência do uso de energia durante as suas jornadas. Como? Ao alternarem entre a natação ativa quando o mar está calmo e o aproveitamento das correntes fortes, tentando, dessa forma, poupar energia.

Para perceberem como é que esses pinguins conseguem orientar-se em mar aberto sem pontos de referência visuais, e conseguem regressar às suas colónias, os cientistas equiparam 27 dessas aves, de uma colónia na Península Valdés, na Argentina, com aparelhos GPS. Com esses dados, os investigadores conseguiram ter uma ideia mais clara de como os pinguins-de-magalhães nadam, as velocidades, direções e profundidades.

Os resultados mostram que o animais percorrem rotas diretas e também se deixam levar pelas correntes. Quando a força do mar não é muito grande, os pinguins nadam ativamente, mesmo em contracorrente, numa linha quase reta em direção à sua colónia. Contudo, quando a corrente é forte, não lhe oferecem muita resistência, o que aumenta a distância que têm de percorrer para regressarem a casa, mas também os ajuda a preservar energia.

Num artigo publicado este mês na revista ‘PLOS One’, os cientistas argumentam que, aparentemente, os pinguins são capazes de detetar as correntes marinhas e de perceber a sua relação face ao destino que querem alcançar. Ou seja, tudo indica que têm noção de que as correntes fazem com que demorem mais tempo a chegar à colónia, mas optam pelo caminho da menor resistência para evitar gastos energéticos excessivos, embora se pense que possam ir fazendo ligeiros ajustes para não serem totalmente afastados do caminho de volta à colónia.

Escrevem os autores que os dados sugerem que os pinguins-de-magalhães poderão conseguir detetar as correntes marinhas, percebendo que são arrastados para fora do caminho pretendido e também por notarem essa deslocação face ao leito marinho. E, dessa forma, podem ajustar a rota.

A equipa, reconhece, no entanto, que são precisos mais trabalhos para se confirmar se realmente os pinguins-de-magalhães “surfam” nas correntes marinhas, uma vez que este trabalho abrangeu apenas 27 pinguins e uma única colónia e cobrindo apenas uma viagem.






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