Pode a chuva artificial eliminar a poluição e combater fogos?
No ano passado, os incêndios florestais na Indonésia devastaram 1,6 milhões de hectares, e poluiram a atmosfera com gases tóxicos: aumentaram as doenças respiratórias e tanto as escolas como os aeroportos foram encerrados. Este ano, com a chegada da estação seca, e temendo o mesmo caos, o governo anunciou o recurso à chamada “chuva artificial”.
A chuva artificial envolve a utilização de aviões que “induzem” nuvens por meio de determinados químicos. Segundo o ministro indonésio do Ambiente e das Florestas, Siti Nurbaya, citado pelo Guardian, a Indonésia está a usar chuva artificial desde há meses, e vai continuar a fazê-lo.
Em 2018, a China foi o primeiro país a lançar um projeto de chuva artificial em grande escala, recorrendo a um sistema de câmaras de combustão – para levar a chuva a 1,6 milhões de quilómetros quadrados, que equivale três vezes o tamanho de Espanha.
As câmaras queimam combustível sólido para produzir iodeto de prata, elemento necessário para criar as partículas necessárias para formar chuva. Quando o vento atingir a montanha, é produzida uma corrente que deslocar as partículas para as nuvens, provocando chuva e neve. Uma única câmara consegue formar uma faixa de nuvens que se estende por cinco quilómetros.
De acordo com os investigadores, o sistema irá aumentar as chuvas na região até 10 mil milhões de metros cúbicos por ano, cerca de sete por cento do consumo total de água na China. Tradicionalmente, o processo de “rainmaking” envolve o lançamento de produtos químicos para as nuvens, que aceleram o processo de crescimento dos cristais, que eventualmente se tornam chuva. Este processo é muito popular na China para limpar o ar, devido à elevada poluição. Desde 2013, a China tem criado 55 toneladas de chuva artificial por ano.
Em janeiro de 2019, a chuva artificial gerada com o auxílio de aviões melhorou os níveis de poluição do ar em Banguecoque, capital da Tailândia. Aliada a precipitações naturais, a chuva artificial contribuiu para atenuar parcialmente a poluição, que atingiu níveis “insalubres” nalgumas zonas da capital tailandesa, garantiram fontes do Departamento de Controle da Poluição à agência EFE.
Na mesma altura, a primeira experiência na Coreia do Sul para gerar chuva artificial e reduzir a concentração no ar de partículas poluentes falhou. A experiência, realizada pela agência meteorológica da Coreia do Sul e pelo do Ministério do Meio Ambiente teve lugar sobre o mar Amarelo, com um avião a espalhar iodeto de prata no ar, um composto químico que ajuda a concentrar vapor de água nas nuvens. Registou-se um aumento das partículas de precipitação, mas não o suficiente para gerar chuva.