Poderá a agricultura vertical ajudar a garantir as nossas necessidades alimentares no futuro?
De acordo com o Professor de Culturas Protegidas da Universidade de Queensland, a tecnologia e a ciência vegetal melhorada são a chave para que a agricultura em recintos fechados contribua para as necessidades alimentares globais.
O Professor Paul Gauthier faz parte de um grupo global de peritos que sugerem formas de a agricultura em ambiente controlado atingir o seu potencial.
“As explorações agrícolas verticais cultivam as culturas no interior em camadas empilhadas e proporcionam um rendimento e uma qualidade de colheita consistentes, mas utilizam uma enorme quantidade de energia dispendiosa para a luz e o fluxo de ar”, afirma o Professor Gauthier.
“Se criarmos um ambiente mais dinâmico que ligue e desligue as luzes e os sensores durante o dia, de acordo com os ciclos da fotossíntese, em vez de os deixarmos sempre ligados, podemos aproveitar a energia mais barata nas horas de menor consumo e maximizar as vantagens da agricultura vertical”, explica.
O Professor Gauthier sublinha que as soluções tecnológicas são apenas uma forma de tornar a agricultura vertical mais rentável e de a ajudar a atingir o seu potencial.
“Precisamos de pensar a longo prazo e adotar uma nova abordagem à ciência das plantas”, afirma, salientando que o que “já sabemos sobre a forma como as plantas crescem não se aplica inteiramente a situações de agricultura vertical, o que a minha investigação já provou”.
“Consegui que os morangos produzissem 6 quilos por planta, quando toda a gente dizia que o máximo que se podia produzir numa estufa era 2 quilos”, revela, acrescentando que “multipliquei o rendimento dos morangos por 3, modificando o ambiente e levando-os ao limite”.
“Também vimos isso com o trigo, onde o controlo do ambiente de uma certa forma aumenta o rendimento ao acelerar a produção, pelo que, em vez de uma ou duas colheitas por ano, podemos ter cinco”, diz ainda, adiantando que “gostaria que as culturas protegidas ou a agricultura de ambiente controlado fossem tratadas como uma disciplina distinta da ciência das plantas”.
“Se quisermos aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050, temos de olhar para as coisas de forma diferente”, alerta.
“É isso que a agricultura vertical nos permite fazer – não tínhamos essa possibilidade antes”, conclui.
O artigo de opinião foi publicado na revista Frontiers in Science.