Poeira de asteroide causou inverno de vários anos que extinguiu dinossauros
A poeira resultante do impacto de um asteroide na costa do que é atualmente o México, há 66 milhões de anos, escureceu o céu durante anos e levou à extinção dos dinossauros, de acordo com um recente estudo.
O impacto do asteroide causou a extinção de três quartos da natureza do planeta, incluindo os dinossauros, mas a natureza exata do fenómeno causado pelo asteroide Chicxulub tem gerado debate.
As teorias mais recentes apontam que o enxofre libertado pelo impacto, ou a fuligem gerada por incêndios colossais, bloquearam a luz solar e mergulharam o mundo num longo inverno.
A hipótese de que o enxofre, e não a poeira, pode ter alterado o clima, ganhou terreno, porque se pensou que esta poeira não tinha o tamanho certo “para permanecer na atmosfera”, explicou à agência France-Presse (AFP) um coautor do estudo, Ozgur Karatekin, investigador do Observatório Real da Bélgica.
Uma equipa internacional de cientistas conseguiu identificar partículas de poeira do impacto do asteroide, encontradas no sítio paleontológico de Tanis, em Dakota do Norte, nos Estados Unidos, que medem entre 0,8 e 8 micrómetros.
Ao inserir os dados em modelos climáticos semelhantes aos utilizados atualmente, os investigadores determinaram que esta poeira terá desempenhado um papel muito maior do que o estimado anteriormente.
O pó fino de sílica (areia pulverizada) terá persistido na atmosfera durante quinze anos e a falta de luz terá feito com que as temperaturas médias caíssem até 15 graus Celsius, segundo o estudo publicado na revista Nature Geoscience.
As simulações revelaram que da quantidade total de material projetado na atmosfera, três quartos eram compostos de poeira, 24% de enxofre e apenas 1% de fuligem.
As partículas de poeira “impediram completamente a fotossíntese” nas plantas durante pelo menos um ano, levando a um “colapso catastrófico” da vida, sublinhou Karatekin.
A teoria de que o impacto do asteroide mudou o clima causou a extinção da vida na Terra surgiu na década de 1980, por Luis e Walter Alvarez, pai e filho.
Esta hipótese foi posta em dúvida até à descoberta, dez anos mais tarde, da enorme cratera causada pelo Chicxulub, na atual península mexicana de Yucatán.