Poluição luminosa e calor aumentam período de crescimento das plantas nas cidades

A vida das plantas é em muito ditada por fatores externos, como a temperatura e a luminosidade, que lhes dão os estímulos necessários para saberem quando é altura de produzirem folhas e quando é tempo de as abandonarem.
Contudo, à medida que as cidades de tornam cada vez mais iluminadas à noite e as temperaturas são cada vez mais altas, por exemplo devido a fenómenos de “ilhas de calor”, também os ciclos de vida das plantas são afetados.
Uma equipa internacional de cientistas revela, num artigo publicado recentemente na revista ‘Nature Cities’, que a poluição luminosa, conjugada com o calor, está a fazer com que as plantas urbanas tenham fases de crescimento até três semanas mais longas do que as mesmas espécies em áreas rurais.
Para chegarem a essa conclusão, os cientistas analisaram imagens de satélite captadas entre 2014 e 2020 de 428 cidades no hemisfério norte e cruzaram-nas com dados sobre a luz artificial nas cidades durante a noite, a temperatura do ar perto da superfície e as estações de crescimento das plantas.
Os resultados sugerem que a iluminação excessiva à noite, mas até do que as temperaturas elevadas, influencia quando começa e acaba a época de crescimento. No entanto, no seu conjunto, esses dois fatores fazem com que o crescimento das plantas comece, em média, 12,6 dias mais cedo e termine 11,2 dias mais tarde nas cidades do que nas áreas rurais.
Diz Franz Hölker, investigador do Instituto Leibniz de Ecologia Dulçaquícola e Pescarias Interiores (Alemanha), que épocas de crescimento mais longas colocam uma pressão acrescida sobre as plantas, especialmente porque têm já de lidar com a escassez de água “em cidades cada vez mais secas”.
Os cientistas acreditam que os efeitos da iluminação artificial sobre as plantas continuarão a intensificar-se, especialmente à medida que as cidades estão a substituir lâmpadas antigas por LED, que, apesar de mais energeticamente eficientes e consideradas uma forma de descarbonização os centros urbanos, são muito mais potentes, aumentando, assim, a poluição luminosa e afetando ainda mais o ciclo de crescimento das plantas.
No entanto, a equipa não sugere que mergulhemos as nossas cidades na escuridão. Ao invés, aconselha a fazer ajustes na intensidade e no comprimento de onda da luz emitida pela iluminação pública, “pequenas alterações”, dizem, que podem “reduzir significativamente a poluição luminosa”.