Poluição: Mais dióxido de carbono pode produzir plantas maiores, mas menos nutritivas



O dióxido de carbono (CO2), um gás com efeito de estufa produzido pela metabolização, por exemplo, do oxigénio e pela queima de combustíveis fósseis, é um elemento essencial às plantas, cuja fotossíntese, através da qual produzem a sua energia, depende desse composto inorgânico.

Por isso, e de forma simples, quanto mais CO2, mais fotossíntese e maior será o teor nutritivo dessas plantas. No entanto, um grupo de investigadores da Michigan State University, nos Estados Unidos, diz que essa pode não ter uma relação assim tão virtuosa.

Num artigo divulgado na ‘Nature Plants’, argumentam que mais CO2 pode, realmente, potenciar o crescimento das plantas, mas isso não significa que tenham maiores concentrações de nutrientes. Quando sabemos que esse gás, que agrava o aquecimento global e as alterações climáticas, deverá persistir na atmosfera ao longo das próximas décadas em grandes quantidades, mesmo que de hoje para amanhã deixássemos de queimar combustíveis fósseis, saber como isso afetará o desenvolvimento das plantas assume uma grande importância.

Reconhecendo que o CO2 é essencial para a fotossíntese, os cientistas explicam que o aumento desse gás na atmosfera pode também afetar outros processos metabólicos das plantas, que podem prejudicar, por exemplo, a produção de proteínas.

Berkley Walker, professor do Departamento de Biologia das Plantas e um dos autores do artigo, assinala que “as plantas gostam de CO2” e que “se lhes dermos mais, elas farão mais alimento e crescerão mais”. Contudo, ressalva que plantas maiores não são necessariamente as mais nutritivas.

A equipa considera que é preciso conhecer mais aprofundadamente os processos metabólicos das plantas, especialmente os se especializam na produção de proteínas e que tornam a plantas mais, ou menos, ricas em nutrientes.

A transição para dietas à base de plantas tem sido amplamente apontada como uma forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera associadas à produção da carne, com o próprio Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) a salientar a importância dessa transformação dos nossos hábitos alimentares no seu relatório ‘Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change’.

Saber de que forma as emissões de CO2 afetam o desenvolvimento das plantas e os seus valores nutricionais é de uma importância inegável, especialmente quando consideramos que, segundo o Banco Mundial, a agricultura será indispensável para combater a fome e aumentar uma população mundial que não pára de aumentar.

As projeções das Nações Unidas apontam para que em 2050 existam 9,7 mil milhões de pessoas em todo o mundo (atualmente somos cerva de oito mil milhões) e que esse número ultrapassará os 10 mil milhões em meados de 2080. Por isso, as plantas poderão ser fundamentais para combater a insegurança alimentar e até mesmo a fome em muitas regiões do planeta.





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