População do Porto que vive próxima da VCI, Via Norte e A3 mais exposta ao ruído
A população do Porto que vive nas proximidades da Via de Cintura Interna (VCI), Via Norte e Autoestrada 3 (A3) está mais sobreexposta ao ruído, concluiu o mapa estratégico hoje apresentado ao executivo da Câmara Municipal.
Na reunião da Câmara do Porto, o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e administrador da SOPSEC, Rui Calejo Rodrigues, adiantou que “as grandes zonas de sobreexposição ao ruído” são as adjacentes à VCI, Nacional 14 (vulgo Via Norte) e A3.
De acordo com o docente, relativamente aos anteriores mapas estratégicos de ruído, os mapas apresentados esta manhã evidenciam uma “redução do número de pessoas sobreexpostas ao ruído”, sendo que, no centro da cidade, os documentos reportam “situações muito pontuais”.
Rui Calejo Rodrigues apresentou ainda outros dois mapas onde a sobrexposição ao ruído é mais evidente no Porto: troço da VCI (A20) e A43, VCI e Avenida AEP.
Questionado pela vereadora do BE sobre qual a percentagem de população afetada por ruído em artérias cuja responsabilidade é da autarquia, o docente afirmou que a mesma ronda “menos de 1%”.
“Da responsabilidade da câmara resulta o apanhado de população no centro da cidade”, acrescentou.
Também o vice-presidente e vereador com o pelouro do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, esclareceu que a autarquia está a trabalhar para, no próximo ano, ter o plano concluído e “com medidas concretas” de mitigação do ruído.
Filipe Araújo destacou, contudo, que o “problema” de ruído na cidade está relacionado com as estradas geridas pela Infraestruturas de Portugal (IP) onde “há um défice de barreiras acústicas”.
“A IP tem de começar a olhar para este território como algo que atravessa uma cidade e não uma autoestrada”, defendeu o vereador, dizendo que “mais uma vez a VCI é o grande cancro na cidade do Porto”.
Pelo PS, o vereador Jorge Garcia lembrou que o ruído está também relacionado com “a velocidade e tipo de transportes” que circulam naquela via, defendendo que fossem privilegiados na cidade outros meios de transporte que não o automóvel, dando o exemplo dos automóveis elétricos.
Em resposta ao socialista, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, salientou que o automóvel elétrico, ao não ser “acessível a todas as carteiras”, irá criar “mais segmentação social”, apontando como “grande solução” os transportes públicos e modos suaves “desde que a planificação da cidade permita”.
Também a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, destacou a importância de o transporte público ser incluído nas zonas em causa, como na VCI, lembrando que também no centro da cidade “há muitas queixas de pessoas relativamente ao ruído”.
Já o vereador social-democrata Vladimiro Feliz salientou que a importância da discussão em torno destes temas, que considerou “estruturais”, lembrando que a aplicação de “métodos construtivos podem melhorar substancialmente o conforto” das populações afetadas pelo ruído, ainda que este incorpore problemas “muito difíceis de resolver”.
“Todos os pequenos esforços que conseguirmos implementar são positivos”, acrescentou.
Aos vereadores, o presidente da autarquia disse ainda aguardar para saber quando é que o Governo tenciona pôr fim às portagens na CREP (vulgo A41).