Populações de chimpanzés e gorilas vão sofrer declínio massivo nos próximos 30 anos



Os macacos africanos, mais propriamente os chimpanzés e os gorilas, vão sofrer um declínio massivo nas suas populações nos próximos 30 anos. É o que defende um novo estudo publicado na revista científica Diversity and Distributions, que contou com mais de 60 autores de diferentes organizações.

A causa está sobretudo na ação humana: o aumento da população, o uso das terras que provoca a destruição de habitats e as alterações climáticas, são os principais fatores que irão provocar esta perda até 2050.

Para analisar e prever este declínio, os investigadores utilizaram a base de dados da União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN SSC Ape Populations, Environments and Surveys. Foram analisados dados recolhidos ao longo de 20 anos, entre 1998 e 2017.

De acordo com a Wildlife Conservation Society, os resultados sugerem que na melhor das hipóteses – o que implica a diminuição lenta das emissões de carbono e a adaptação de medidas de mitigação – os macacos vão perder 85% do seu alcance, sendo que 50% corresponde a macacos que habitam em áreas fora de zonas protegidas. Já na pior das hipóteses – mantendo a situação atual em que as emissões continuem a aumentar – espera-se uma perda de 94%, correspondendo 61% a populações em áreas não protegidas.

Joana Carvalho, autora principal do estudo e investigadora da Liverpool John Moores University, afirma “Ao integrar futuras alterações climáticas e mudanças no uso da terra tal como cenários de população humana, este estudo disponibiliza fortes evidências das interações sinérgicas entre os principais fatores globais que restringem a distribuição dos macacos africanos. (…) É importante reforçar que a perda maciça de alcance é amplamente esperada fora das áreas protegidas, o que reflete a insuficiência da rede atual de áreas protegidas na África para preservar habitats adequados para grandes macacos e conectar efetivamente as populações de grandes macacos.”

Hjalmar Kuehl, um dos autores do estudo, acrescenta que “deve haver uma responsabilidade global para evitar o declínio dos grandes macacos. O consumo global de recursos naturais extraídos de países onde ocorre a distribuição de macacos é o principal fator para o declínio dos grandes primatas. Todas as nações que se beneficiam desses recursos têm a responsabilidade de garantir um futuro melhor para os grandes macacos, para os seus habitats e para as pessoas que neles vivem, através do desenvolvimento de economias mais sustentáveis.”





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