Por que as cidades devem acabar com as auto-estradas urbanas
Nos anos 50, dezenas de cidades norte-americanas destruíram edifícios ribeirinhos para construir auto-estradas cujo objectivo era ajudar os residentes suburbanos a deixar mais rapidamente a zona urbana.
Hoje, conta o Vox, muitas destas auto-estradas estão em mau estado, deterioradas, pelo que as autoridades de transportes decidiram refazê-las. No entanto, muitas destas cidades estão a substituídas por estradas normais, para evitar acumulação de trânsito nestes locais.
Uma das cidades que rejeitou esta solução foi Seattle, que tinha três opções: refazer a Alaskan Way Viaduct, uma auto-estrada que passa bem próximo da baixa da cidade, substituí-la por um túnel dispendioso ou convertê-la numa boulevard normal.
Os responsáveis pela cidade decidiram-se pelo túnel, mas a solução provou ser desastrosa. No ano passado, uma máquina ficou presa no túnel, e os engenheiros estão agora a escavar um buraco gigante para tentar chegar até ela e fazer as reparações necessárias. No entanto, ao retiraram água do local, estarão a causar danos nas fundações dos edifícios vizinhos.
De acordo com a Vox, a decisão de manter a auto-estrada é inexplicável. Quando uma cidade põe fim a uma auto-estrada, o trânsito acaba por ir para outras áreas, é certo, mas muitos dos condutores desistem de levar o carro para a cidade, mudando para transportes públicos, arrendando casas mais próximas do centro ou evitando horas de ponta.
Um dos exemplos desta opção pode ser visto na auto-estrada Embarcadero, na Califórnia, desactivada para revitalizar o bairro vizinho, depois de um sismo em 1989. A auto-estrada foi substituída por uma estrada normal, citadina, e o local ficou mais atraente para a população. Portland, e Milwaukee foram outras duas cidades que removeram auto-estradas do seu centro, com bons resultados.
Seattle, porém, tem agora um problema maior em mãos: uma auto-estrada desactivada e uma obra que promete demorar muito tempo a ser terminada – uma espécie de Túnel do Marão norte-americano – e dispendiosa.