Por que razão há tantos elevadores em Espanha?



A combinação de dois factores explosivos dá a resposta à pergunta do título: os espanhóis são dos povos que mais vivem em apartamentos no mundo – 65% da população, uma percentagem muito maior que a média europeia, que se encontra nos 46% -; e o facto de os espanhóis, a exemplo dos portugueses, serem compradores de casa, e não arrendatários.

Estas duas características levam os espanhóis ao número absolutamente incrível de 19,8 elevadores por cada mil pessoas – o segundo país do ranking, a Itália, tem 14,7 elevadores/1000 pessoas; e o terceiro, a Coreia do Sul, tem 12 elevadores/1000 habitantes.

O número muito elevado de espanhóis a viver em apartamentos, de acordo com o Quartz, deve-se à migração rural do pós-Segunda Guerra Mundial. Um pouco como aconteceu em Portugal, na verdade. Veja se se revê neste texto dos economistas Anna Cabré e Juan António Módenes, publicado em 2004.

“A lei criou uma base legal para um investimento avultado em novos edifícios que serão vendidos em apartamentos. O movimento para a cidade, desemprego alto e ausência de leias de utilização de terrenos urbanos fez o resto”, explicam os economistas.

“Os migrantes rurais trouxeram as suas poupanças e investiram-nas em pedra e cimento. Os jovens casais compraram apartamentos pequenos e baratos em novas áreas das cidades em expansão. E as famílias de meia idade deixaram os centros históricos e melhoraram a qualidade de vida ao adquirir novos e melhores apartamentos. Em pocuos anos, ter casa passou a ser o principal objectivo para a maioria dos espanhóis”, de acordo com os dois economistas.

É nesta encruzilhada que se encontram hoje as cidades globais – não apenas as espanholas, mas outras. O crescimento das grandes urbes foi feito em detrimento das terras agrícolas, parques verdes ou outros terrenos de lazer. Como podemos replanear as nossas cidades? Saiba também por que razão o número de megacidades triplicou desde 1990.





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