Porque os ciprestes resistem aos incêndios?



Uma imagem dos incêndios florestais ocorridos em Julho de 2011, nos arredores de Valência, Espanha, agitou os botânicos de todo o mundo. No meio de cinzas, uma “ilha” de ciprestes mediterrânicos escapou às chamas após um fogo que durou cinco dias e durante o qual arderam 20 mil hectares de floresta. A imagem mostrava uma “ilha” verde com 9 mil metros quadrados, onde 946 ciprestes com 30 metros de altura continuam intactos.

Mais tarde, o botânico Bernabé Moya e o irmão José Moya, que é engenheiro ambiental, dedicaram-se ao estudo das propriedades dos ciprestes. Os resultados dos trabalhos dos dois cientistas do Departamento de Árvores Monumentais de Valência acabaram mesmo por ser publicados em diversas publicações científicas, como o Journal of Environmental Management.

Após vários testes em Espanha, no Laboratório de Fogos Florestais, e também em Itália, no Instituto Para a Proteção das Plantas Sustentáveis (IPPS) de Florença, os investigadores concluíram que é o alto teor de água que torna os ciprestes resistentes ao fogo. Os testes em folhas e ramos de ciprestes vivos revelaram um elemento-chave: o seu alto teor de humidade (que variou de 84% a 96%) durante o período de verão, o que faz com que eles resistam mais a um incêndio.

O tempo para queimar as partes vivas do cipreste mediterrâneo foi entre 1,5 e 7 vezes superior aos testes de laboratório em comparação com outras espécies de florestas mediterrâneas, como carvalho, zimbro e pinheiro e, além disso, por causa das dimensões reduzidas, as folhas de cipreste caídas no chão são muito compactas. A circulação de ar no seu interior é menor do que em outras espécies e essa camada densa e compacta de folhas caídas também atua como uma “esponja que retém a humidade”, segundo os investigadores.

Da família Cupressaceae, género Cupressus, o cipreste é uma árvore de folha persistente que pode atingir 30 m de altura. Esta é uma árvore de extraordinária longevidade – conhecendo-se exemplares com mais de 1000 anos. É muito resistente à seca e a temperaturas extremas, especialmente as estivais. Pode viver em todo o tipo de solos, exceto em solos com gesso, salinos ou encharcados, requerendo boa exposição solar e solos bem drenados.

 





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