Porto albergava 61% dos ninhos de gaivotas na costa metropolitana em 2021



O Porto albergava 61% dos 794 ninhos de gaivotas dos municípios costeiros da área metropolitana, sobretudo no centro histórico, segundo dados de 2021 do Plano de Ação para o Controlo da População de Gaivotas no território, consultado hoje pela Lusa.

“Do total de ninhos e/ou registos de comportamento reprodutor identificados na área de estudo, a cidade do Porto alberga cerca de 61,1%, Póvoa de Varzim 14,9%, Matosinhos 11,8%, Vila Nova de Gaia 9,7% e Vila do Conde 2,4%”, pode ler-se no Plano de Ação para o Controlo da População de Gaivotas nos Municípios Costeiros da Área Metropolitana do Porto (AMP).

No âmbito do trabalho realizado entre 2021 e 2022, “na época de nidificação de 2021 foram identificados 794 ninhos e/ou registos de comportamento reprodutor de ‘Larus michahellis'”, a gaivota-de-patas-amarelas, a mais comum na região.

“Este número está subestimado, uma vez que nem toda a área das cidades em estudo foi pesquisada, e os métodos de amostragem não permitem a identificação de 100% de ninhos e comportamentos de nidificação na área prospetada”, alertam os autores do estudo encomendado pela AMP, o consórcio Floradata e a Wedotech, com coordenação geral de Paulo Alves.

Por zonas de cidades, “as áreas de maior concentração de ninhos são a zona da Ribeira, Sé e Vitória”, no Porto, mas também “são relevantes outros locais”, como a Beira-Rio (Vila Nova de Gaia), o centro de Matosinhos e Leça da Palmeira, ou o centro da cidade da Póvoa de Varzim, segundo o documento.

Na AMP, “a grande maioria dos ninhos situa-se em edifícios particulares (cerca de 90%), maioritariamente em telhados tradicionais (85,5%), o que pode dificultar intervenções físicas nos locais de nidificação”.

Os locais de maiores concentrações de gaivotas “foram claramente os locais Gaia-Cabedelo, Matosinhos-Praia e Matosinhos-Docapesca”, sendo os dois primeiros “provavelmente associados a períodos de repouso” e o terceiro “terá provavelmente uma grande importância como local de alimentação”.

“Os locais Porto-Ribeira e Vila do Conde-Caxinas foram os únicos que apresentaram maior abundância de gaivotas no período reprodutor, comparativamente com o período de migração pós-nupcial/invernada”, refere o estudo.

A maior abundância no período poderá dever-se não só à proximidade de locais de nidificação, mas também, “possivelmente, por serem locais de alguma concentração de turistas (mais frequentes no período de maio a agosto) e, consequentemente, um período de maior disponibilidade de alimento de origem antropogénica”.

“Verificou-se claramente um aumento da abundância de gaivotas no período de nidificação nos locais Porto-Ribeira e Gaia-Afurada, em 2021, comparativamente com 2010”, num estudo do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).

Face à presença dos animais no meio urbano, o trabalho encomendado pela AMP inclui também várias campanhas de sensibilização, incluindo um ‘site’ e uma aplicação (‘app’) de sinalização de ninhos e gaivotas chamada Gaivotas à Vista.

O lançamento da ‘app’ já tinha sido revelada pelo vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, em novembro de 2021.

Adicionam-se mupis com as frases “Deixe as gaivotas em paz! Não as alimente”, “As gaivotas não são animais domésticos! Não as alimente”, “As gaivotas são um risco para a saúde pública! Não as alimente”, “Não alimente animais selvagens nem deixe comida na via pública” ou “Acondicione bem o lixo, coloque-o no contentor e feche o contentor”.





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