Portugal falha na defesa da camada de ozono e no combate às alterações climáticas
Recentemente, ficámos a saber que o buraco na camada de ozono estava novamente a aumentar de tamanho, depois de décadas de recuperação. A culpa era de empresas na China, que estavam a usar gases que tinham sido banidos pelo Protocolo de Montreal.
Agora, a associação ZERO vem também apontar o dedo ao Governo Português por não fazer o suficiente relativamente ao recondicionamento de equipamentos de refrigeração e ar condicionado em Portugal.
Segundo a associação, mais de 90% dos gases de refrigeração de frigoríficos e equipamentos de ar condicionado são libertados para a atmosfera, e Portugal continua a falhar na recolha e tratamento dos gases nocivos presentes nos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos.
De acordo com dados obtidos pela ZERO junto da Agência Portuguesa do Ambiente, em 2017 foram recolhidas e tratadas apenas 27 toneladas de gases de refrigeração das 322 toneladas destes gases que estão nos equipamentos de frio como frigoríficos, arcas congeladoras, ares condicionados e outros. Este valor corresponde a uma recuperação de apenas 8,4% destes gases destruidores da camada de ozono e/ou causadores de efeito de estufa e alterações climáticas.
Entre as razões para esta falha, a ZERO aponta fatores como a baixa taxa de recolha destes equipamentos (que na sua maioria continuam a ser encaminhados para empresas de sucata, que não estão preparadas para recolher os gases de refrigeração, fazendo com que estes acabem por ser libertados para a atmosfera), a grande dificuldade das câmaras municipais em combater o roubo de peças dos frigoríficos com valor económico, como os compressores, que contêm gases de refrigeração, a falta de fiscalização das empresas que recolhem e encaminham sucata metálica para reciclagem, entre outros.
“Face a este quadro desolador, a ZERO vai insistir junto do Ministério do Ambiente para que instrua a IGAMAOT para que, em conjunto com as CCDR e o SEPNA, desenvolva uma programa específico de fiscalização/inspeção das grandes empresas de fragmentação de veículos em fim de vida, as quais são por norma o destino final de muitos dos equipamentos de refrigeração que não chegam às empresas que estão licenciadas para o seu tratamento, e que têm capacidade de fazer a recolha e encaminhamento dos gases de refrigeração”, indicou a associação no comunicado.
O objetivo será dar ao Estado ferramentas para identificar os operadores de sucata metálica que, à margem da lei, estão a desviar os equipamentos de refrigeração do seu destino devido e, consequentemente, a provocar graves danos ambientais com a libertação dos gases de refrigeração para a atmosfera.