Portugal: há 677 aldeias e lugares em perigo de despovoamento
Existem 677 aldeias e lugares, em zonas de montanha – 700 metros ou mais de altitude – que tinham 50 ou menos habitantes em 2011, e por isso correm o risco de desaparecer. A conclusão é de uma reportagem do Jornal de Notícias que pegou no último Censos e confrontou-o com a análise de Rui Pedro Julião, especialista em informação geográfica da Universidade Nova de Lisboa.
O despovoamento ocorre por migração – especialmente para a sede de concelho, para cidades maiores e para o estrangeiro – ou com a morte dos poucos mais velhos que se mantêm, de acordo com Rio Fernandes, catedrático de geografia humana da Universidade do Porto.
Um dado relevante, explica o professor, é o facto de o último Censos mostrar que existem 9492 lugares com 50 ou menos pessoas. “Não [existe] capacidade de sustentação demográfica, face à idade dos habitantes”, revelou Rio Fernandes.
Assim, em média havia 27 pessoas por lugar; em 314, a população era inferior a 26; e 79 tinha entre um e dez habitantes.
Com a estagnação demográfica, o envelhecimento da população e a forte emigração, é possível que este processo de despovoamento de lugares de menor dimensão se acelere.
SEIS ALDEIAS COM FUTURO
O Jornal de Notícias escolheu seis aldeias que, ainda que isoladas, conseguem captar mais pessoas e ter uma economia sustentável. Conheça-as
Canadelo, 121 habitantes
Tem um “elevado potencial turístico”, florestal e agrícola, dista 16,5 quilómetros da sede do concelho, Amarante, e muitas “características do rural autêntico”. Precisa de uma reabilitação dos seus caminhos, arruamentos e edifícios.
Cruzeiro, 78 habitantes
Situada na serra da Aboboreira, a nove quilómetros de Baião, é servida de transportes colectivos. Tem um perfil urbano para estilo de vida tipicamente rural e potencial agrícola. Precisa de reabtilitação de lavadouros e sinalização informativa e de orientação.
Gralheira, 165 habitantes
Situada a 1.100 metros de altitude, a 28 quilómetros de Cinfães, esta aldeia tem “claramente futuro” na serra de Montemuro. Precisa de melhores transportes públicos, da reabilitação dos lavadouros, sinalização e informação histórico-geográfica.
Loivos do Monte, 74 habitantes
Fica a 9,2 quilómetros de Baião, na serra da Aboboreira, tal como Cruzeiro, e o mesmo estilo “tipicamente rural”. Destaca-se pelo edificado de valor e potencial turístico.
Panchorra, 86 habitantes
Situada a 1.100 metros de altitude, na serra de Montemuro, a aldeia de Panchorra apresenta a diversidade de flora e fauna e potencial agro-pecuário. Precisa de aparcamento e repecção, reabilitação do edificado e de valorização de estruturas com cobertura de colmo.
Travanca do Monte, 89 habitantes
Esta aldeia tem uma boa ligação à sede, Amarante, mas precisa da reorganização do seu largo central, recuperação da zona de espigueiros, placas de localização e identificação e reabilitação dos edifícios.
Foto: Biblioteca Municipal de Figueiró dos Vinhos / Creative Commons