Portugal não possui plano para a mitigação do impacto ambiental do sector da saúde



Um estudo realizado pela investigadora Carolina Monteiro, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde são comparados os planos de mitigação do impacto ambiental dos sistemas de saúde de 10 países, conclui que Portugal não possui plano global para reduzir o impacto ambiental do Sistema de Saúde.

“Este facto é tanto mais relevante quanto os serviços de saúde constituem mais de 4,4% do total das emissões líquidas globais do planeta e essa contribuição é ainda mais elevada em Portugal”, sublinham o Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), o Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública (IMP&SP), o Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) e o Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE).

Segundo a mesma fonte, o estudo, intitulado “Landscape of Climate Mitigation Strategies in Healthcare: A Comparative Analysis of National Healthcare Climate Mitigation Plans”, além de analisar os planos nacionais existentes, avalia o seu alinhamento com orientações internacionais, identifica forças e limitações e propõe orientações para o planeamento nacional na mitigação do impacto ambiental dos sistemas de saúde.

Esta investigação vai ser apresentada na próxima quinta-feira, 18 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito da conferência Impacto dos Sistemas de Saúde no Ambiente: Que caminhos de transformação?

Em Portugal, ainda que tenham sido estabelecidas reduções nas emissões de carbono de 29% até 2030, 49% até 2040 e 69% até 2050 relativamente aos valores das emissões de 2014, “não foi definido um ano para o sistema de saúde atingir a neutralidade carbónica, ao contrário dos objetivos apresentados pela maioria dos países analisados, mas apenas um relatório de participação no projeto Operation Zero, iniciativa da organização Health Care Without Harm”.

Também “não existem medidas direcionadas ao setor privado, que representa uma parte significativa e crescente do sistema de saúde português”.

Os planos nacionais de mitigação na saúde dos vários países analisados apresentam um “variado leque de áreas de ação para mitigar as emissões do sistema de saúde”. Portugal destaca-se por abordar um número menor de domínios em comparação com outros planos internacionais. Concentrando-se em questões energéticas, de instalações, equipamentos, água, resíduos e cadeias de fornecimento, o relatório omite áreas essenciais como transporte, dispositivos médicos e fármacos, bem como modelos de prestação de cuidados, desenvolvidos nas abordagens internacionais.

“Além de o relatório não definir um período temporal para a implementação das medidas, também não inclui informação sobre o seu financiamento”, sublinha a nota.

O estudo identifica ainda lacunas importantes no domínio da governança a nível regional e local e da monitorização e avaliação do plano de mitigação do sistema de saúde português.

A conferência “Impacto dos Sistemas de Saúde no Ambiente: Que caminhos de transformação?” é uma organização conjunta do Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública (IMP&SP), do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) e do Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE).

O Conselho Português para a Saúde e Ambiente, o Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública, o Instituto de Saúde Ambiental e o Instituto de Saúde Baseada na Evidência consideram que este estudo, “pela sua relevância, pode permitir explorar as múltiplas oportunidades de alinhamento com os melhores padrões internacionais em termos da mitigação das emissões no sistema de saúde português”.





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