Poucas multinacionais pretendem reduzir impacto climático das viagens aéreas



Uma análise a 322 empresas multinacionais mostrou que só 50 definiram objetivos para reduzir o impacto climático das viagens aéreas dos funcionários, nenhuma delas portuguesa.

O “ranking” Viajar Responsavelmente, elaborado a partir de uma campanha organizada pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), mostra, de acordo com um comunicado divulgado hoje pela associação ambientalista Zero (parceira da T&E), que as multinacionais “continuam sem apresentar planos credíveis para reduzir o impacto climático das viagens aéreas dos seus funcionários”.

Salientando que as viagens aéreas em trabalho têm uma “grande pegada climática”, a Zero refere que as maiores empresas portuguesas continuam a descurar essa pegada.

A T&E, que junta organizações não-governamentais da área do ambiente e dos transportes, iniciou o “ranking” em 2022 e este ano, pelo segundo consecutivo, nenhuma das 13 empresas portuguesas incluídas definiu objetivos para reduzir as emissões decorrentes das viagens aéreas de trabalho.

Da globalidade das empresas só 50 definiram objetivos para reduzir a pegada carbónica, mas destas só nove se comprometeram a reduzir especificamente a pegada das viagens aéreas, reduzindo o seu número.

E só quatro divulgam as emissões das suas viagens aéreas e comprometem-se a reduzi-las em 50% ou mais até 2025: A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, a financeira suíça Swiss Re, a financeira neerlandesa ABN Amro e a financeira britânica Fidelity International.

Duas empresas portuguesas, Galp Energia e NOS, reportaram efeitos da aviação que não as emissões de dióxido de carbono, entre 40 que o fizeram em termos globais.

A Zero nota que, como no ano passado, as empresas portuguesas obtiveram todas classificações medíocres, ainda que com uma ligeira melhoria. A Altri SGPS e a Mota Engil estão no grupo das mais mal classificadas, sendo que a última está na pior posição do “ranking” global no setor da construção e engenharia. A Galp Energia e o Banco Comercial Português são no grupo português as melhores classificadas.

“A Zero lamenta, assim, que as empresas portuguesas estejam ainda longe de tomar as medidas necessárias para diminuir o seu impacto ambiental no que concerne às viagens aéreas em trabalho, diz a associação no comunicado, acusando as empresas nacionais de fazerem “vista grossa” aos danos climáticos causados pelos voos em trabalho.

A nível global, segundo o “ranking”, a Volkswagen, a KPMG e a Johnson & Johnson são as três empresas com mais emissões, e sem objetivos de redução das emissões decorrentes de viagens em trabalho.

Um estudo que acompanha o “ranking” mostra que se apenas 10% do total empresas com maiores emissões no ranking definirem objetivos de redução das emissões em 50%, será meio caminho andado para alcançar uma redução de 50% das emissões por motivo de viagens aéreas em 2025.

“Reduzir as emissões decorrentes da aviação é agora mais premente do que nunca se pretendemos evitar o aquecimento global para além dos 1,5°C”, diz-se no comunicado.

A campanha da T&E convida as empresas a definirem objetivos ambiciosos de redução das emissões por viagens em trabalho, substituindo o transporte aéreo por ferroviário, evitando a ponte aérea Lisboa-Porto, e privilegiando a videoconferência.





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