Pradarias Marinhas combatem alterações climáticas
Em tempos de emergência climática, as pradarias marinhas ganham um novo protagonismo. Grupos de investigação, como aquele que é dirigido pela bióloga Ana Lillibo, diretora do CESAM, vieram demonstrar que estes habitats sensíveis são dos maiores produtores de oxigénio do mundo e importantes sumidores de carbono da atmosfera. Sem eles, o planeta estaria moribundo.
Um dos principais serviços que as pradarias marinhas prestam
à Vida no planeta – e por extensão, à Humanidade – é essa dupla capacidade de produzirem oxigénio e, por outro lado, sequestrarem o carbono. E são importantes porque, de um ponto de vista global, o contributo que os ecossistemas marinhos dão para a mitigação das alterações climáticas é muito superior ao dos bosques terrestres, incluindo a Amazónia e outras florestas tropicais. Para termos uma noção da sua importância, eis alguns números: 83% do carbono é retido pelos oceanos e pelos habitats costeiros – como as pradarias, os sapais e os mangais -, enquanto que as florestas e restantes habitats terrestres apenas contribuem para 17% desse sequestro.
A importância dos serviços naturais que as pradarias marinhas nos prestam, como capital natural, pode ser quantificado. Estudos recentes mostram que o valor económico de um hectare deste ecossistema pode valer mais de 25 mil euros por ano, só pelo serviço de reciclagem do azoto.
Mas Ana Lillebo sabe que a importância das pradarias marinhas não se esgota aqui. Elas são berçários preciosos para várias espécies de peixes, crustáceos e bivalves – muitos de elevado valor comercial, o que contribui para o suporte da atividade piscatória. E são pontos de elevada biodiversidade, albergando espécies muito ameaçadas e emblemáticas, como os cavalos marinhos e as tartarugas – o que as tornam locais muito apreciados para o turismo de natureza. Finalmente, mas não menos importante, estes habitats, previnem a erosão costeira e funcionam como filtros naturais, depurando as águas e retirando as cargas de nutrientes em excesso.
Por Paulo Caetano