“Precisamos que a natureza faça parte das nossas paisagens urbanas”, alerta Ursula von der Leyen
Teve hoje lugar a primeira sessão das quatro conferências ‘Urban Future with a Purpose’, da Deloitte Global. O primeiro webinar, com o tema “Urban Future with a Purpose – Building sustainable, engaged, accessible, resilient cities and organisations” teve como principais oradores speakers Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, Punit Renjen, CEO Global da Deloitte e Brian Moynihan, CEO do Bank of America.
A apresentação e moderação do evento contou também a participação de Lídia Pereira, Deputada ao Parlamento Europeu, e Miguel Eiras Antunes, Líder Global da prática de Smart City, Smart Nation e Local Government da Deloitte.
Os oradores começaram a sessão destacando a importância dos Investimentos públicos e privados para o progresso do futuro, e a necessidade de “nos movermos de uma vida urbana para uma vida mais humana”.
Ursula von der Leyen começou por abordar a questão da pandemia de Covid-19 e do seu impacto para uma recuperação verde em todo o mundo.
“É verdade que esta pandemia mudou profundamente a maneira como experienciamos as nossas cidades. Começámos todos a perceber o quanto precisamos que a natureza faça parte das nossas paisagens urbanas. Começámos a medir a distância entre as nossas casas e o parque mais próximo. Nós mudamos a maneira como nos movemos. A nossa vida mudou em muitas formas”.
Entre as várias mudanças que a sociedade sofreu, a Presidente da Comissão Europeia destaca a consciencialização do desperdício e da utilização de plásticos de uso único. “Quando encomendamos algo online esperamos que a nossa embalagem seja sustentável”, exemplifica. “Começámos a mudar os nossos hábitos (…) e queremos que as políticas encorajem esta mudança”.
“A ideia principal do Acordo Verde Europeu sempre foi o de repensar os objetivos de amanhã”, sendo este o representante da “transformação do sistema”, para uma “economia limpa, circular e amiga do ambiente”.
A exploração de recursos naturais e a produção de emissões de dióxido de carbono, comuns no nosso mundo, “são hoje em dia insustentáveis para o Planeta e desnecessários”, aponta. Com a produção e o desperdício a aumentar, Ursula von der Leyen refere a importância que as cidades têm nesta regeneração. “Metade do desperdício é produzido nas cidades. Nós precisamos de mudar a nossa cultura e de investir em apoios que potenciem a transição”.
“As cidades devem contribuir, porque a cidade é onde todos os desafios se juntam. A cidade é o local onde as novas soluções podem ser testadas em maneiras que fazem a diferença para as pessoas. As cidades irão realizar projetos na sua realidade local, e as soluções que podem resultar nas cidades, podem também ser expandidas para toda a Europa” garante.
Admite ainda que as administrações locais são também uma parte crucial na “mudança do amanhã”, e declara que “nenhuma administração deve ter de escolher entre responder a uma crise ou investir no futuro”.
Entre as várias iniciativas de investimento que a Europa tem desenvolvido ao longo do tempo para ajudar a alcançar a neutralidade de carbono e o desperdício zero, destaca o novo projeto “New European Bauhaus”, que junta a inovação, o planeamento urbano, os materiais de construção amigos do ambiente, e a economia circular, e “trás para a mesa uma nova dimensão, que é a cultura”. A líder ressalta assim a importância da proximidade com as pessoas e da cultura para o sucesso do Acordo Verde Europeu.“A mudança climática não pára nas fronteiras nacionais. Nós queremos que isto seja um projeto global”, conclui.
Numa segunda fase da sessão, Punit Renjen, CEO Global da Deloitte, e Brian Moynihan, CEO do Bank of America, debateram a nova iniciativa do World Economic Forum e do International Business Council.
As 21 Métricas de Capitalismo de Partes Interessadas, surgem em colaboração com o Bank of America, a Deloitte, a EY, a KPMG e a PwC, e terão impacto no desempenho das empresas a nível ambiental, social e de administração. De momento, conta já com 61 parceiros, que juntos vão potenciar o desempenho das companhias e as suas contribuições para a sociedade.
As métricas dividem-se em quatro pilares principais: o planeta, as pessoas, os princípios de administração e a prosperidade. Entre as várias abordagens estão as emissões de gases de efeito de estufa, a igualdade de remuneração e a diversidade dos trabalhadores.
Como Brian Moynihan explica, com o seu funcionamento deste projeto, “os consumidores pensam: ‘estas empresas estão a dizer como estão a tentar resolver o problema ambiental e como estão a trabalhar na diversidade, devo comprar aquele produto em vez daquele produto?’. Os consumidores podem ajudar a seguir a direção certa”, aponta.
Miguel Eiras Antunes, conclui “Como a sessão de hoje demonstrou claramente, existe vontade, compromisso e recursos dos setores público e privado para realmente fazer a diferença e abrir um novo caminho para uma sociedade sustentável e inclusiva. Vamos todos trabalhar juntos para que isso aconteça”.