Presença permanente de cientistas na Antárctida prejudica biodiversidade



Investigadores da Universidade Jena, na Alemanha, advertiram que a presença permanente de equipas de cientistas na Antárctida está a prejudicar, precisamente, o ambiente e biodiversidade daquela região, a sua fauna e flora.

A equipa alemã explica que há denúncias de locais onde são atirados restos de produtos químicos perigosos a céu aberto, lixo, latas de óleo e até, imagine-se, baterias de carros.

Paralelamente, há regiões costeiras e praias que têm sofrido com a poluição do uso descuidado de combustíveis nas estações de pesquisa. “Há um verdadeiro problema de lixo na Antárctida”, de acordo com Hans-Ulrich Peter, coordenador do relatório.

A maioria dos problemas encontrados pela sua equipa diz respeito à Ilha Rei George, localizada a cerca de 120 quilómetros do continente. É nesse local, mais precisamente na Península Fildes, que os ecologistas estão a fazer pesquisas regularmente desde 1983, documentando as mudanças no ambiente. “A Península Fildes é uma das maiores áreas sem gelo da Antárctida, com um grau relativamente elevado de biodiversidade”, explica Peter.

Como resultado da diversidade local, a região tem atraído muito interesse científico, o que levou à construção de seis estações permanentemente ocupadas. Essas instalações incluem ainda uma pista de pouso numa área relativamente pequena, que se tornou o centro de logística local.

Aí, os ecologistas alemães puderam notar que, nos últimos 30 anos, não é apenas a mudança climática que afecta o continente. Segundo eles, a influência contínua dos seres humanos também tem ameaçado a vida natural da Antárctida. “Devido às condições climáticas extremas, a vegetação mais sensível só se recupera lentamente”, diz, por sua vez, Christina Braun, pesquisadora membro da equipa de Hans-Ulrich Peter.

A flora típica da Antárctida tem também sofrido com um segundo invasor externo: as plantas que chegam importadas de outros continentes. “Há alguns anos, descobrimos plantas não nativas próximas da estação russa Bellingshausen”, diz. Insectos e outras espécies de animais e plantas, que são importados inadvertidamente, colocam também em risco o equilíbrio do ecossistema local.





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