Presidente de Moçambique alerta para perdas na Floresta do Miombo e pede medidas
O Presidente moçambicano alertou ontem, em Washington, para as perdas anuais na Floresta do Miombo, que abrange 11 países da África austral, motivo da conferência internacional que Moçambique promove na capital norte-americana.
“As ameaças decorrentes das mudanças climáticas são inegáveis e com impactos devastadores nas sociedades. Perdemos anualmente enormes porções da floresta do Miombo, o pulmão verde do planeta”, afirmou Filipe Nyusi, numa declaração após a chegada à capital norte-americana.
Já não nos podemos dar ao luxo de ficar parados face a este cenário. (…) Pretendemos com este evento promover o potencial desta floresta em contribuir para o alcance das metas globais sobre alterações climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável”, acrescentou.
O Governo moçambicano espera mobilizar investimentos para proteger a Floresta do Miombo, orçamentados em 550 milhões de dólares, nesta conferência internacional.
“Esperamos que nesta conferência, não só por parte dos Estados-membros, mas também de todos os outros intervenientes, que são os parceiros de cooperação neste caso, possamos aumentar aquilo que é o pacote de financiamento desta iniciativa”, avançou a ministra da Terra e Ambiente de Moçambique, Ivete Maibaze, antes do arranque da conferência.
Políticos e especialistas africanos e dos Estados Unidos vão debater a sustentabilidade da Floresta do Miombo numa conferência internacional organizada por Moçambique e que vai contar com a presença do chefe de Estado moçambicano.
A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e abrange 11 países da África Austral, incluindo Moçambique e Angola, resultando a conferência da iniciativa do Presidente moçambicano, que em agosto de 2022 reuniu os líderes de outros dez países na “Declaração de Maputo sobre a Floresta de Miombo”, para promover uma abordagem comum para a “Gestão Sustentável e Integrada das Florestas do Miombo e a Proteção da Bacia do Grande Zambeze”.
“Foi elaborado um plano de ação depois da Conferência do Maputo, que indica um orçamento de cerca de 550 milhões dólares [518 milhões de euros]. E Moçambique, junto dos seus parceiros, conseguiu mobilizar cerca de 154 milhões de dólares [145 milhões de euros]”, acrescentou a ministra, recordando que Moçambique detém a segunda maior área desta floresta, depois de Angola.
A Conferência Internacional sobre o Maneio Sustentável e Integrado da Floresta do Miombo arranca com uma reunião ministerial e painéis de discussão e conta na quarta-feira com a presença e uma intervenção do chefe de Estado moçambicano e a adoção verbal da Declaração de Compromisso com a Iniciativa das Florestas de Miombo.
A conferência, que contará com a presença de membros do congresso norte-americano e dos parlamentos africanos, pretende promover oportunidades de investimentos no quadro da implementação da Declaração de Maputo sobre Miombo, visando o alcance das metas sobre as mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável integrado.
A Floresta de Miombo fornece numerosos bens e serviços que garantem a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes destes países, incluindo pastagens tropicais e subtropicais, moitas e savanas, constituindo o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo.
“São responsáveis pela manutenção do Grande Zambeze, uma das mais importantes bacias hidrográficas transnacionais”, explicam os promotores da conferência, organizada ainda pelo International Conservation Caucus Foundation (ICCF) e pela Wildlife Conservation Society (WCS).
A Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo, assinada, além de Moçambique e Angola, por Botsuana, Maláui, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué estabelece prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo.