Primeiros mexilhões-de-rio reproduzidos em Portugal já foram capturados



Foram capturados os primeiros juvenis de mexilhão-de-rio (Margaritifera margaritifera) reproduzidos em cativeiro no Posto Aquícola de Campelo, Figueiró dos Vinhos. Esta acção faz parte do projecto Life+ Ecótono, dinamizado pela Quercus com o co-financiamento do programa Life da União Europeia, da Agência Portuguesa do Ambiente e do Município de Castro Daire.

Esta é a primeira vez que é efectuada com sucesso a reprodução deste bivalve de água doce, que se encontra ameaçado de extinção, em Portugal, devido ao desaparecimento das populações de peixes hospedeiros (nomeadamente a truta-de-rio), à existência de poluição orgânica das águas, à modificação dos cursos de água com deposição de detritos no leito e à construção barragens e açudes.

A Margaritifera margaritifera é um molusco bivalve filtrador, que na Península Ibérica pode chegar atingir os 70 anos de idade, constituindo-se com um excelente indicador da qualidade das águas, pois só ocorre em cursos de água pouco poluídos. .

O rio Paiva, uma das áreas de intervenção do projeto, possui uma população envelhecida que está agora incrementada no âmbito deste projecto. A reprodução da espécie ocorre no Verão e as larvas (gloquídeos), logo que são expelidas na água, fixam-se nas brânquias dos peixes hospedeiros, como a Truta-de-rio (Salmo trutta), registando-se durante os sete meses seguinte uma lenta metamorfose.

No final da Primavera, os juvenis abandonam o peixe hospedeiro deixando-se cair no fundo do curso de água. Prefere rios de águas limpas e claras, de correntes não muito fortes, relativamente pobres em cálcio, com fundos rochosos-arenosos, pouco lodo, escolhendo zonas de remanso junto às margens dos cursos de água.

“O que se efectuou, em cativeiro, foi recriar nas instalações do Posto Aquícola de Campelo o processo que ocorreria na natureza”, explicou a Quercus em comunicado. Logo que houve a confirmação de que as larvas começavam a ser libertadas pelas fêmeas, o que veio a ocorrer em Setembro de 2012, estas foram colocadas junto dos peixes hospedeiros.

“O processo de parasitação realizou-se em poucos dias, ficando as trutas jovens infestadas em tanques até que, já em inícios deste mês de Abril, as trutas foram translocadas para tanques construídos para efeito onde são capturados os juvenis, os quais são constituídos por três reservatório e por um sistema de circulação de água que incorpora telas de retenção”, continuou a Quercus.

Neste momento, diariamente, procede-se à contagem dos juvenis capturados, com o auxílio de lupas binoculares, que estão a ser testadas diferentes formas de alimentação, sendo que serão em breve colocados alguns exemplares no rio Paiva, para comparar as taxas de crescimento que ocorrem no meio natural com as obtidas em cativeiro e assim aferir qual o método que permite obter os melhores resultados.

Este projecto, que decorre entre 2012 e 2016, possui uma componente de reabilitação dos bosques de amieiros no rio Paiva (Castro Daire) e na ribeira do Torgal (Odemira) e prevê ainda a reprodução de outro mexilhão-de-rio, o Unio tumidiformis, espécie que ocorre no sul do País, mas que parasita os Escalos (Squalius sp.).

Acompanhe o projecto em www.ecotone.pt.





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