Príncipe William garante empenho na defesa da vida selvagem
O herdeiro do trono britânico, príncipe William, afirmou terça-feira que a família real continuará empenhada na defesa das causas ambientais, durante uma cimeira sobre a proteção da vida selvagem.
No primeiro discurso como herdeiro do trono britânico, William disse que, embora o agora rei Carlos III fique mais afastado da linha da frente das causas ambientais, essa continuará a ser uma preocupação.
O príncipe William discursou em Londres na cimeira Unidos pela Vida Selvagem, criada em 2014 pela Fundação Real, perante uma plateia de 300 representantes de organizações que visam a conservação da vida selvagem e o combate ao seu comércio ilegal, estimado em 20 mil milhões de euros anuais.
A organização foi fundada para proteger espécies ameaçadas de extinção do comércio ilegal, como o marfim de elefante e o chifre de rinoceronte, além de trabalhar com associações que combatem a lavagem de dinheiro e outras formas de crime organizado.
Segundo William, o mundo natural é um presente que todos devem proteger, salientou.
“É uma lição que aprendi desde tenra idade, com o meu pai e o meu avô, ambos comprometidos naturalistas, e também com a minha saudosa avó, que tanto se preocupava com o mundo natural”, acrescentou, referindo-se a Carlos, ao falecido príncipe Filipe e à rainha Isabel II.
William mencionou a recente condenação de um homem de 49 anos por acusações de tráfico de vida selvagem como exemplo da forma como as agências estão a trabalhar além-fronteiras para enfrentar o problema.
Moazu Kromah, cidadão da Libéria, conspirou com dois outros homens para contrabandear cerca de 190 quilos de chifres de rinocerontes e 10 toneladas de marfim de vários países da África Oriental para compradores nos EUA e no Sudeste Asiático entre 2012 e 2019, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. É provável que cerca de 35 rinocerontes e 100 elefantes tenham sido sacrificados.
Kromah, de 49 anos, foi extraditado do Uganda para Nova Iorque em 2019, declarou-se culpado de três acusações de tráfico de animais selvagens no início deste ano e foi condenado a 63 meses de prisão.
Apesar destes exemplos, esse tipo de crime continua a verificar-se, devido aos enormes lucros do tráfico ilegal relacionados com a vida selvagem, disse o príncipe William.
Acredita-se que Anton Mzimba, um guarda-florestal morto a tiro na África do Sul, no início deste ano, tenha sido uma das vítimas deste tipo de tráfico.
“Anton dedicou-se à proteção da vida selvagem, assumindo o seu papel de forma diligente e profissional, apesar das ameaças à sua vida”, acentuou o príncipe, reforçando que “ele enfrentou criminosos violentos e pagou o preço final”.
Segundo as regras que regem a monarquia constitucional britânica, o soberano está impedido de interferir em questões políticas. Para garantir o cumprimento destas regras, Isabel II manteve assiduamente as suas opiniões para si própria durante o seu longo reinado.
Embora Carlos tenha reconhecido que terá de ser mais cuidadoso com as suas declarações públicas, agora que é rei, mencionou que passará o testemunho sobre um assunto sobre o qual se debruçou nos últimos 50 anos.
“Não me será mais possível dar tanto do meu tempo e energia às instituições de caridade e às questões pelas quais me interesso tão profundamente”, disse o novo rei, no seu primeiro discurso à nação, vincando que “este importante trabalho continuará nas mãos de outros de confiança”.