Produção de alimentos aquáticos ameaçada globalmente pelas alterações climáticas



Os alimentos recolhidos em ecossistemas marinhos e de água doce, como peixe, marisco, plantas e algas, através da pesca e aquacultura, são fundamentais para a subsistência de mais de 3,2 mil milhões de pessoas em todo o mundo, mas esses sistemas de produção alimentar “enfrentam desafios para manter a oferta num ambiente em mudança”.

Num artigo divulgado esta semana na revista ‘Nature Sustainability’, uma equipa internacional de cientistas alerta que a maioria dos países que são produtores de ‘alimentos azuis’, representando mais de 90% da produção mundial, estão “altamente vulneráveis às alterações ambientais causadas pelos humanos”, com os maiores riscos a serem identificados na Ásia, na América Latina e em África, que apresentam “a menor capacidade para adaptação”.

Explosões de algas nocivas, fruto de fenómenos de eutrofização, a subida do nível médio do mar, o aquecimento marinho e os escoamentos de pesticidas da terra para os corpos de água estão entre as principais ameaças à viabilidade e segurança dos sistemas alimentares aquáticos.

A investigação nota que as pescas marinhas são as mais vulneráveis a fatores de stress climático, especialmente devido ao “aumento da temperatura e acidificação”, ao passo que a aquacultura está mais exposta “aos efeitos de doenças e à hipoxia”, à redução da quantidade de oxigénio dissolvido na água.

“Embora tenhamos feito algum progresso no que toca às alterações climáticas, as nossas estratégias de adaptação dos sistemas de alimentos azuis que enfrentam alterações ambientais continuam subdesenvolvidas e precisam de atenção urgente”, refere Rebecca Short, investigadora da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e uma das autoras do estudo.

Os cientistas apelam a uma maior colaboração entre os países na criação de estratégias de adaptação da produção de alimentos aquáticos às alterações climáticas que reconheçam que “os ecossistemas de que a produção de alimentos azuis depende estão altamente interligados”, de tal forma que “as alterações ambientais numa área têm potenciais efeitos de contágio noutros locais”.

Nos países mais afetados pelas alterações climáticas, deve haver uma diversificação dos sistemas alimentares aquáticos para que seja possível alcançar uma maior resiliência face a possíveis choques, argumentam os autores, defendendo que as estratégias de adaptação e mitigação devem contar com a participação dos povos indígenas e comunidades locais que dependem da pesca artesanal como modo de subsistência.





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