Professores têm dificuldades em integrar nas aulas projeto sobre oceanos



A responsável pelo projeto que promove em Portugal o ensino da literacia do oceano disse hoje que os alunos adoram esta iniciativa que pretende impulsionar comportamentos sustentáveis nas escolas, mas os professores têm dificuldades em integrá-la nas aulas.

O projeto Sea Tales desenvolvido em Portugal pela Zero iniciou em janeiro de 2025 a fase piloto de implementação de um currículo centrado na literacia do oceano e está a ser testado na Escola Básica 1/2/3 Pedro de Santarém (Benfica/Lisboa), na Escola Secundária de Paredes (Porto) e na Escola Básica de São Lourenço (Porto), refere a associação ambientalista Zero num comunicado enviado à Lusa.

A responsável pela construção do currículo do projeto em Portugal, Joana Soares, disse que atualmente os professores têm dificuldade em incorporar a atividade extracurricular nas aulas, por não terem tempo e espaço, já que as atividades podem durar 40 ou 80 minutos.

“Este currículo está a ser testado em três escolas portuguesas, representando uma etapa fundamental na adaptação de recursos pedagógicos que promovem uma relação mais consciente e responsável para com o oceano”, segundo o comunicado.

O projeto cofinanciado pelo programa Erasmus+ da União Europeia dirige-se a alunos do 1.º e 2.º ciclos.

Joana Soares confirmou que os alunos adoram as atividades dinâmicas, por serem menos rígidas do que as aulas normais, sublinhando que as atividades focam-se muito no ‘role-playing’, isto é, os estudantes encarnam personagens para conseguir lidar com problemas reais.

Os alunos fazem ainda podcasts, em que entrevistam pessoas ligadas ao oceano, como ativistas e pescadores, dentro ou fora da escola, como na praia, por exemplo, segundo a responsável.

“O Sea Tales representa um esforço coletivo para enfrentar os desafios globais que afetam o oceano, promovendo a mudança de comportamentos através da educação”, refere a Zero.

De acordo com a associação, o currículo aborda a biodiversidade marinha, os impactos das atividades humanas nos ecossistemas marinhos e o papel da cidadania ativa na sua proteção.

Para a Zero, “ao formar cidadãos mais informados, ativos e conscientes, o projeto contribui para um futuro mais sustentável para o oceano e para o planeta”.

Os principais objetivos do projeto incluem capacitar os professores com conhecimentos e ferramentas práticas em literacia do oceano, promovendo o desenvolvimento profissional, facilitar a integração de temas oceânicos em diversas disciplinas, desenvolver um currículo modular, com planos de aula de fácil aplicação, e atividades de ‘role-playing’ baseadas no quadro de literacia do oceano da Organização das Nações Unidas.

Outro propósito do projeto é inspirar os alunos a tornarem-se agentes de mudança através de atividades interativas e participativas, como saídas de campo, clubes de leitura, teatro e podcasts.

A criação de redes de colaboração entre escolas e entidades externas, desenvolvendo uma comunidade de embaixadores Sea Tales, “composta por cientistas, organizações ambientais, museus, aquários, centros pedagógicos e instituições públicas”, também é um dos objetivos principais.

O currículo organiza-se em três módulos interativos e práticos, com um total de 14 planos de aula, que procuram integrar o tema do oceano nas escolas, promovendo o respeito pela natureza e a conservação marinha.

Segundo a Zero, a primeira metade do projeto, que se iniciou em outubro de 2023, focou-se no desenvolvimento dos materiais e na formação de professores.

O Sea Tales foi desenvolvido por um consórcio europeu com parceiros da Grécia, Islândia, Roménia e Portugal e deu formação a 25 professores, que estavam diretamente envolvidos, sendo que cinco eram portugueses.

Atualmente, o projeto é conhecido por mais docentes, que não receberam formação, mas disponibiliza aos professores o currículo do projeto, como os materiais educativos que necessitam.






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