Programa de reflorestação vai restaurar um sexto do território da Etiópia
Há 15 anos, as aldeias perto de Abrha Weatsbha, no norte da Etiópia estavam perto de ser abandonadas. As encostas das montanhas estavam nuas e as comunidades, devastadas por secas e inundações, necessitavam de ajuda alimentar constante.
Actualmente, Abrha Weatsbha, na região de Tigré, está irreconhecível e uma catástrofe ambiental foi evitada através da plantação de milhões de árvores e arbustos. Os poços que estavam secos têm água novamente, o solo está mais nutritivo e os vales e encostas das montanhas estão novamente verdes.
A reflorestação da área, conseguida em poucos anos e com baixo custo, resultante do trabalho conjunto das comunidades, que pouparam água, criaram pastagens exclusivas para animais e replantaram árvores, vai ser agora replicada em cerca de um sexto do território da Etiópia, uma área equiparada ao tamanho de Inglaterra e País de Gales. Os objectivos mais ambiciosos deste plano de reflorestação é reduzir a erosão do solo e aumentar a segurança alimentar.
“Grandes áreas da Etiópia e do Sahel foram devastadas por sucessiva secas e excesso de pastagem dos animais durante os anos 1960 e 1970”, indica Chris Reij, investigador do World Resources Institute, em Washington, cita o Guardian. “Houve uma diminuição significativa da pluviosidade e as pessoas tiveram que aumentar as áreas cultivadas, o que provocou destruição de terrenos e uma crise ambiental em toda a região do Sahel. Mas a experiência em Tigré, onde mais de 224.000 hectares de terra foram restaurados revela que a recuperação da vegetação de zonas secas pode ser um processo rápido”, acrescenta o investigador.
Em vez de plantarem apenas árvores, o que é pouco viável e caro em zonas secas, os agricultores adoptaram também formas ecológicas de agricultura, que combinam plantações e árvores nas mesmas porções de terra.
Na região de Tigré, a recuperação dos terrenos envolveu ainda a construção de quilómetros de muros e diques para reter a água da chuvas das encostas das montanhas, o encerramento de terra nua para permitir a regeneração natural de árvores e vegetação e a plantação de milhões de sementes.
Agora, até 2030, a Etiópia quer restaurar 15 milhões de hectares de terras.
Foto: Rod Waddington / Creative Commons