Projecto português une jovens e idosos na produção de vegetais para famílias carenciadas (com VÍDEO)
Com o aumento da sensibilização para a sustentabilidade ambiental de hoje, há cada vez mais escolas a criarem hortas pedagógicas. Mas será que há muitas a optarem por hortas solidárias? Pelo menos seis escolas no país escolheram esse caminho. Trata-se de espaços de cultivo em ambiente escolar, cujas colheitas se destinam exclusivamente a famílias em dificuldades.
A iniciativa toma o nome de Horta de Gerações e surge integrada na organização Prémio Infante D. Henrique, na área de Serviço à Comunidade. Os protagonistas são jovens e idosos que gerem hortas, criadas nos terrenos e canteiros das escolas, semeando e cuidando dos legumes que vão servir de alimento a pessoas carenciadas e desempregadas.
Os mais velhos põem em prática os seus conhecimentos agrícolas, enquanto os mais novos os apreendem – pelo caminho, fomentam-se ainda as relações inter-geracionais. A actividade conta também com a ajuda de professores, empenhados em garantir a sustentabilidade do projecto. No total, são mais de 3.532 m2 cultivados.
As escolas actualmente envolvidas na acção estão localizadas no centro e norte do país – Escola Secundária Ferreira Dias (Cacém), a Oeiras International School (Barcarena) a Escola Secundária Emídio Navarro (Almada), o Externato Penafirme (Torres Vedras), o Centro de Educação e Desenvolvimento de D. Maria Pia (Lisboa) e o Colégio Didálvi (Barcelos).
O projecto foi aprovado pela Bolsa de Valores Socais da Euronext Lisbon, no ano passado, “de forma a criar responsabilidade social nas empresas”, afirma a responsável Luísa Beirão. Desta forma, os interessados podem comprar acções da instituição e ajudar a causa. Cada acção vale €1, sendo que o valor mínimo de aquisição são cinco acções. “Os investidores podem seguir o projecto, acompanhar, visitar e solicitar o recibo para desconto de IRC E IRS”, explica Luísa.
Tudo o que é colhido nas escolas é doado localmente ao Banco Alimentar, à paróquia ou à junta de freguesia que, por sua vez, fazem chegar os alimentos às famílias mais carenciadas dos concelhos. Ao todo, são beneficiárias das produções destas hortas cerca de 130 famílias.
Durante este ano, as culturas já incluíram alfaces, nabos, nabiças, favas, lombardos, batatas, cebolas, ervilhas, tomates e ervas aromáticas.
Este é um excelente pretexto para o contacto entre diferentes gerações, aliado à partilha de saberes e ao cultivo dos bons valores da vida em sociedade. Os alunos ganham o contacto com a terra, os idosos ganham uma nova actividade – juntos, todos desenvolvem um espírito solitário e a satisfação de saberem que estão a mudar a vida de quem mais precisa.