Projeto vai caracterizar e restaurar as massas de água de 21 zonas verdes do Porto
O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) vai caracterizar e restaurar as massas de água existentes em 21 zonas verdes do Porto com o objetivo de “multiplicar os benefícios” destas zonas húmidas, foi hoje revelado.
Em comunicado, o centro esclarece hoje que o projeto, intitulado ‘MORE-Porto’ e financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, pretende “caracterizar e restaurar as zonas húmidas da cidade”, bem como dinamizar ações de literacia ambiental.
Ainda que dispersas pelo território, as Zonas Húmidas Urbanas desempenham “serviços ambientais vitais” para a qualidade e gestão de água nas cidades, sendo que, entre os seus benefícios se destacam a conservação da biodiversidade, a mitigação das alterações climáticas e a redução das ondas de calor e de cheias.
O projeto vai procurar “reconhecer e multiplicar” estes benefícios, focando-se em 21 zonas verdes da cidade do Porto.
O objetivo dos investigadores é mapear e caracterizar a biodiversidade, estado de conservação e ameaças de “mais de 100 zonas húmidas”, implementando, posteriormente, um plano de ação para a recuperação das zonas prioritárias.
Para que a caracterização da biodiversidade existente nas zonas húmidas seja “abrangente”, os investigadores vão recorrer a uma metodologia “inovadora” baseada em biologia molecular, que permitirá avaliar “com mais precisão” as áreas com “potencial de recuperação”.
“Usaremos uma metodologia baseada não só na identificação morfológica dos seres vivos, mas também da análise genética das espécies emblemáticas e indicadoras de qualidade do ecossistema (anfíbios, libélulas, macroinvertebrados aquáticos e plantas aquáticas). Esta abordagem vai nos permitir uma avaliação integral e a seleção das zonas húmidas prioritárias para conservação”, esclarece, citada no comunicado, a investigadora do CIIMAR e líder do projeto, Elsa Froufe.
Depois de caracterizarem e identificarem as áreas prioritárias, os investigadores pretendem pôr em prática um plano de ação, que se irá basear “na definição de procedimentos chave para as entidades responsáveis pelas zonas verdes nas quais estas zonas húmidas se integram, na orientação na execução de medidas de restauro e, em casos especiais, na definição de áreas de criação de novas zonas húmidas”.
“A caracterização genética das zonas húmidas terá ainda um papel importante para definir locais prioritários de criação de novas zonas húmidas que permitam, por exemplo, o contacto entre populações de espécies atualmente isoladas e criar corredores ecológicos que aumentem a biodiversidade global”, acrescenta Elsa Froufe.
As medidas de restauro podem passar pela criação de “zonas de refúgio e acesso para a fauna”, pela remoção de espécies invasoras, pela colonização com espécies nativas ou pelo aumento da conectividade entre diferentes zonas húmidas.
A par da criação do plano de ação, o projeto pretende ainda formar técnicos e jardineiros para garantir a manutenção e exploração destas zonas a longo prazo, bem como a sensibilizar o público a participar na conservação das zonas húmidas da cidade.
Neste projeto, o CIIMAR tem como parceiros a Câmara do Porto, a Fundação de Serralves, o Jardim Botânico da Universidade do Porto e a empresa municipal Águas e Energia do Porto.