Neutralidade carbónica: promessas das grandes empresas multinacionais estão muito aquém do necessário



A neutralidade carbónica é um compromisso cada vez mais comum e estritamente necessário, para garantirmos um futuro mais sustentável para todos. No entanto, prometer não é cumprir.

O novo relatório “Climate Responsibility Monitor 2022” do NewClimate Institute analisou as estratégias de neutralidade de carbono de 25 grandes empresas multinacionais, e concluiu que estas apenas se comprometem a reduzir as emissões em média, em 40%, não a 100% como prometido. Na avaliação, apenas uma empresa foi categorizada como tendo uma “integridade razoável” (Maersk), três uma “integridade moderada” (Apple, Sony e Vodafone), dez “integridade baixa” (entre elas, IKEA, Amazon e Volkswagen) e doze “integridade muito baixa” (entre elas, Unilever, Nestlé e Carrefour).

“Ficámos francamente surpreendidos e desapontados com a integridade geral das reivindicações das empresas”, refere Thomas Day, principal autor do estudo. “À medida que aumenta a pressão sobre as empresas para agirem sobre as alterações climáticas, as suas metas ambiciosas muitas vezes carecem de substância real, o que pode enganar tanto os consumidores como os reguladores, que são essenciais para orientar sua direção estratégica. Mesmo as empresas que estão a ir relativamente bem exageram nas suas ações”, sublinha.

A exclusão de fontes de emissão ou segmentos de mercado é um problema comum que reduz o significado destas metas. Oito das empresas em análise excluem as emissões upstream ou downstream da sua cadeia de valor, o que geralmente representa mais de 90% das suas emissões. Outro problema está nas abordagens que utilizam para compensar as emissões, explicam os especialistas. As 24 empresas contam com créditos de carbono variáveis, e pelo menos dois terços dependem de projetos de reflorestação ou de atividades biológicas que podem facilmente ser revertidas, como por exemplo, com a ocorrência de um incêndio florestal.

Ainda assim, foram destacados alguns exemplos promissores de liderança climática, nomeadamente, o desenvolvimento de ferramentas inovadoras para adquirir energia renovável em tempo real pela Google, ou o investimento em  tecnologias de descarbonização para transporte e logística por parte da da Maersk e da Deutsche Post.

Veja aqui a tabela integrada no relatório:





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